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Durante os primeiros séculos da era cristã, quando o império romano oprimia tanto os judeus quanto os cristãos, estes relataram na literatura à cidade de Roma como sendo Babilônia.1 E muitos crêem que Pedro usou Babilônia como pseudônimo para Roma (I Pedro 5:13). Em virtude de sua grande apostasia e perseguição, a maioria dos protestantes da Reforma e Pós-Reforma referiam-se à igreja de Roma como sendo a Babilônia espiritual, a inimiga do povo de Deus (Apocalipse capítulo 17).2
Como a cidade de Babilônia caracterizava-se por sua descrença no verdadeiro Deus e pelo desafio à Sua vontade (Isaías 21:9 cf. Apocalipse 18:9-10), o livro de Apocalipse a utiliza para simbolizar de forma abrangente as organizações religiosas(b) que desprezam a Deus, a Sua lei, e perseguem o Seu povo. E de maneira específica utiliza a designação, "Babilônia, a Grande", para representar a igreja de Roma(c) (Apocalipse 17:5).
A igreja arruinada
A mensagem do segundo anjo expõe a natureza universal da apostasia de Babilônia e o seu poder repressor, denunciando que ela "tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição." (Apocalipse 14:8 RA).
O "vinho" de Babilônia representa suas doutrinas heréticas. E assim como ocorreu no passado, nos eventos finais deste mundo ela pressionará os Estados para que obriguem todos a obedecê-la. A "prostituição" representa o relacionamento ilícito entre Babilônia e as nações - entre a igreja apóstata e os poderes civis (Apocalipse 18:1-3). Essa igreja deveria ter sido a noiva do Cordeiro, mas, ao buscar apoio do Estado em vez de apoiar-se no Senhor, ela deixa seu Esposo e comete adultério espiritual (cf. Ezequiel 16:15; Tiago 4:4). Esse relacionamento ilícito resultou em tragédia. João viu os habitantes da Terra "embriagados" com falsos ensinos, e a própria Babilônia "embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus", os quais se recusaram a aceitar doutrinas que não eram baseadas na Bíblia e negaram submeterem-se à autoridade da "grande meretriz" (Apocalipse 17:1-6; Apocalipse 18:24 cf. Isaías 24:5-6).
Babilônia caiu porque se recusou a atender à mensagem do primeiro anjo - o evangelho da justificação pela fé no Criador(d); e assim como nos primeiros séculos da era cristã a igreja de Roma apostatou, da mesma forma muitos protestantes da atualidade se desviaram das grandes verdades da Reforma. Babilônia atingirá o máximo de sua queda, quando o protestantismo tiver se desviado de forma generalizada da pureza e simplicidade do evangelho da justificação pela fé, que uma vez foi o seu principal fundamento.
A mensagem do segundo anjo tornar-se-á crescentemente relevante à medida que o fim se aproxima. Encontrará seu completo cumprimento mediante a aliança entre as várias organizações religiosas que rejeitaram a primeira mensagem angélica(e). A queda de Babilônia é detalhada no capítulo 18 de Apocalipse, onde também encontra-se o convite de Deus para que o Seu povo, que ainda se encontra nos vários grupos religiosos componentes de Babilônia, saia de suas congregações (Apocalipse 18:4).3
O governo de Deus e Sua lei
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"O Senhor fez o mundo em seis dias e descansou no sétimo, santificando este dia e separando-o de todos os outros como sagrado a Sua própria Pessoa para que fosse observado por Seu povo durante todas as suas gerações. Mas o homem do pecado, exaltando-se acima de Deus, assentando-se no templo de Deus e ostentando-se como se fosse o próprio Deus, cuidou em mudar(f) os tempos e a lei (Daniel 7:25). Este poder, tencionando provar que não somente era igual a Deus, mas estava acima de Deus, mudou o dia de repouso, colocando o primeiro dia da semana onde deveria estar o sétimo. E o mundo protestante tem admitido que este filho do papado [domingo] seja considerado sagrado. Na Palavra de Deus, isto é chamado de fornicação (Apocalipse 14:8)."4
"Durante a dispensação cristã, o grande inimigo da felicidade do homem fez do sábado do quarto mandamento um objeto de ataque especial. Satanás diz: 'Eu atravessarei os propósitos de Deus (Ezequiel 28:1-7; Ezequiel 28:13-19; Isaías 14:12-14). Capacitarei meus seguidores a porem de lado o memorial de Deus, o sábado do sétimo dia. Assim, mostrarei ao mundo que o dia abençoado e santificado por Deus foi mudado. Esse dia não perdurará na mente do povo. Apagarei a lembrança dele. Porei em seu lugar um dia que não leve as credenciais de Deus, um dia que não seja um sinal entre Deus e Seu povo. Levarei os que aceitarem este dia a porem sobre ele a santidade que Deus pôs sobre o sétimo dia.
Através de meu representante, engrandecerei a mim mesmo (II Tessalonicenses 2:3-4 cf. Ezequiel 28:2). O primeiro dia será exaltado, e o mundo protestante receberá este sábado espúrio como genuíno. Através da não observância do sábado que Deus instituiu, levarei Sua lei ao menosprezo (...). Assim o mundo tornar-se-á meu. Eu serei o governador da Terra, o príncipe do mundo (João 14:30-31 cf. João 12:31). Controlarei assim as mentes sob meu poder para que o sábado de Deus seja um objeto especial de desprezo'."5
"Uma vez que o sábado desempenha papel vital na adoração a Deus como Criador e Redentor, não deveria constituir surpresa o fato de que Satanás tem levado adiante uma guerra sem tréguas na tentativa de subverter essa sagrada instituição. Em parte alguma, autoriza a Bíblia a mudança do dia de adoração que Deus instituiu no Éden e reafirmou no Sinai. Outros cristãos, eles próprios observadores do domingo, reconhecem isso(g)."6
Considerações Finais
As investidas de Satanás contra o governo de Deus e Sua lei são representadas pela ação de uma Babilônia mística ou simbólica, pois a literal já havia sido destruída nos tempos do Antigo Testamento e nunca mais será habitada (Isaías 13:19-21). A Bíblia de Jerusalém, tradução católica com imprimatur, comentando Apocalipse 17:5 afirma que Babilônia é o nome simbólico de Roma, que arrastou todas as nações à idolatria.
Assim como Apocalipse capítulo 12 apresenta uma mulher pura como símbolo da igreja fiel a Deus, em Apocalipse capítulo 17 tem-se uma meretriz representando uma igreja que se prostituiu, isto é, que corrompeu-se espiritualmente quanto abandonou a Deus (cf. Ezequiel 16:15-21).7 A igreja de Roma é a igreja-Mãe descrita em Apocalipse 17:5; e esta tem filhas que, embora tenham a abandonado, conservam muito de seus vícios e da sua conduta religiosa equivocada; saíram da casa da "mãe meretriz", porém embriagadas com seu "vinho" de ensinos abomináveis (Apocalipse 17:4). E neste estado de "embriaguez" não percebem as doutrinas herdadas.
Existem pessoas sinceras dentro dessas igrejas que ainda não descobriram estas revelações de Deus. Todavia, permanecer nelas após conhecer a vontade do Senhor, demonstra um ato de desobediência e rebelião que as identifica com os pecados de Babilônia. Por causa desta atitude, Deus Se vê obrigado a castigá-las com os flagelos destinados a Babilônia. Antes, porém, o Salvador lhes concede oportunidade de livramento: "Sai dela, povo Meu" (Apocalipse 18:4 cf. Ezequiel 18:23, Ezequiel 33:11).8
Texto baseado em: Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 12, p. 229-230.
Vídeo relacionado: A Estratégia do Inimigo
a. Os antigos habitantes de Babilônia ou Babel (Bab-ili) acreditavam que sua cidade fora escolhida pelos deuses para se encontrarem com os homens, e os reis babilônicos afirmavam que os deuses os haviam nomeado para governar o mundo. Em hebraico, a palavra "Bab-ili" está associada à "balal" (confusão), em referência ao que ocorrera durante a construção da torre de Babel.
b. Sobretudo as organizações religiosas que participarão da grande aliança babilônica no desfecho final desse conflito. Acesse: A Imagem do Mal.
c. Acesse: Babilônia Denunciada - II
d. Acesse: Justificação pela Fé
e. Acesse: A Primeira Mensagem
f. Acesse: A Lei de Deus - Adulterada
g. Acesse: Do Sábado para o Domingo; O Protestante e o Domingo
1. Midrash Rabbah on Canticles, I, IV and VI.
2. FROOM, L. E. (1948). Prophetic Faith of Our Fathers, v. II, Washington, D.C.: Review and Herald, p. 531, 788.
3. SDA Bible Commentary, vol. 7, p. 828-831.
4. SDA Bible Commentary, vol. 7, p. 979.
5. WHITE, E. G. Profetas e Reis, São Paulo: CPB, sec. II, cap. 14, p. 183-184.
6. Nisto Cremos. (2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 19, p. 343.
7. Comentário extraído de: As Revelações do Apocalipse, cap. 21: "O Mistério de Babilônia, a Grande Meretriz".
8. Ibidem.
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