Durante
as suas explicações sobre o período das "70 semanas"(a), o
anjo Gabriel citou a inauguração do ministério sacerdotal de
Cristo no santuário celestial, que ocorreu com a unção do "santo dos
santos".
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Com Sua ascensão, pouco
tempo depois de Sua ressurreição, Jesus iniciou(b) Seu ministério como intercessor
no santuário celeste.1 "A ida de Cristo ao lugar
santíssimo como nosso sumo sacerdote para purificação do santuário a que se faz
referência em Daniel
8:14; a vinda do Filho do homem ao Ancião de Dias, conforme se
acha apresentada em Daniel 7:13; e a vinda do Senhor a Seu
templo, predita por Malaquias
3:1, são descrições do mesmo acontecimento."2
"De fato, segundo a
lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de
sangue não há perdão. Portanto, era necessário que as cópias das coisas que estão nos céus fossem purificadas com
esses sacrifícios, mas as próprias coisas
celestiais com
sacrifícios superiores."
(Hebreus 9:22-23 NVI).
Durante a antiga aliança, as transgressões do povo de Deus eram pela fé
transferidos simbolicamente para a oferta pelo pecado e então transportadas
para o santuário terrestre (Hebreus 9:9-10 cf. Levítico 4:1-3, Levítico 16:15-16), mas,
sob o novo concerto, os pecados confessados são pela fé colocados sobre Cristo
pelos méritos de Seu precioso sangue (Hebreus 10:19-22; Romanos 3:23-26).3
E, com o mesmo objetivo
que o dia da Expiação(c) era realizado para remover os
pecados do santuário terrestre (Levítico capítulo 16), o
santuário celestial é purificado pela remoção final de todos os pecados
registrados nos livros celestiais (Daniel 7:9-10). Mas
antes que ocorra a limpeza desses registros, eles serão examinados a fim de se
determinar quem, através de arrependimento e fé em Cristo(d), está
apto a entrar em Seu reino eterno. "A purificação do santuário, portanto,
envolve uma obra de juízo investigativo. Isto ocorre antes da vinda de Cristo
para resgatar Seu povo, pois quando vier, Sua recompensa estará com Ele para
dar a cada um segundo as suas obras (Apocalipse 22:12)."4 Em essência, o dia da Expiação
é um dia de julgamento.5
Todos aqueles que
verdadeiramente se arrependeram e pela fé suplicaram o sangue do sacrifício
expiatório de Cristo, terão assegurado o perdão. Quando seus nomes forem
chamados a julgamento e se constatar que eles estão revestidos pelo manto da
justiça de Cristo(e), seus
pecados serão apagados e eles serão considerados dignos da vida eterna.6 "Aquele que vencer",
disse Jesus, "será assim, vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum
apagarei o seu nome do livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome
diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos." (Apocalipse
3:5 RA cf. Êxodo 32:33).
Na antiga aliança(f),
somente os que tinham vindo perante Deus com confissão e arrependimento, e
cujas transgressões eram transferidas para o santuário através do sangue da
oferta pelo pecado, participavam da cerimônia do dia da Expiação (Levítico
23:26-29). Semelhantemente, hoje, durante o juízo investigativo (o
grande dia da Expiação), os únicos casos a serem considerados são
daqueles que manifestam arrependimento por seus pecados e depositam fé no
Cordeiro de Deus (João 1:29). O julgamento dos ímpios
constitui obra distinta, e ocorre em ocasião posterior. Quanto a isso o
apóstolo Pedro afirma:
"Porque
a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora se
primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de
Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio,
sim, o pecador?" (I Pedro 4:17-18 RA).
O juízo investigativo
descrito por Pedro é destinado àqueles que professam serem seguidores de Cristo, e
visa julgar se são dignos de terem seus nomes escritos no livro da Vida, pois,
de acordo com Jesus: "Nem todo aquele que Me diz: 'Senhor, Senhor',
entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de Meu Pai que
está nos céus. Muitos Me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi em Teu
nome que profetizamos e em Teu nome que expulsamos demônios e em Teu nome que
fizemos muitos milagres?' Então Eu lhes declararei: 'Nunca vos conheci.
Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade'(g)."
(Mateus 7:21-23 BJ).
Os demais que não têm a
Jesus como Salvador já escolheram seus destinos, para estes, destina-se a
seguinte mensagem: "'Eu virei a vocês trazendo juízo. Sem demora
testemunharei contra os feiticeiros, contra os
adúlteros, contra os que juram falsamente e contra aqueles que exploram os
trabalhadores em seus salários, que oprimem os órfãos e as viúvas e privam os
estrangeiros dos seus direitos, e não têm respeito por Mim', diz o Senhor dos
Exércitos." (Malaquias 3:5 NVI). Aos
que recusaram a salvação oferecida por Deus, restará apenas a sentença final
descrita em Apocalipse
20:11-15 (cf. Jeremias 6:16).
"No juízo final, a
posição, a classe, ou a riqueza não alterarão por um fio de cabelo, sequer, o
caso de ninguém. Pelo Deus que tudo vê, serão os homens julgados segundo o que
são na pureza, nobreza e amor a Cristo."7
Os livros do tribunal
celestial
"O tribunal iniciou
o julgamento, e os livros foram abertos." (Daniel 7:10 NVI). Os
livros de registros no Céu, nos quais estão relatados os nomes e ações dos
homens, conduzem a decisão do juízo. "Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão
escondidas, quer sejam boas, quer sejam más." (Eclesiastes
12:14 RA).
"Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, delas
darão conta no dia do Juízo; porque pelas tuas palavras, serás justificado e,
pelas tuas palavras, serás condenado." (Mateus 12:36-37 RA). Os
propósitos e intuitos secretos aparecem no infalível registro; pois Deus
"trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos
corações." (I Coríntios 4:5 NVI cf. Hebreus 4:12-13).
A obra de cada homem passa
em revista perante Deus, tanto os registros de fidelidade quanto de
infidelidade. Ao lado de cada nome, nos livros do Céu, estão escritos com
exatidão toda palavra inconveniente, todo ato egoísta, todo dever não cumprido
e todo pecado secreto; juntamente com toda hipocrisia dissimulada. Advertências
enviadas pelo Céu que foram negligenciadas, momentos desperdiçados,
oportunidades não aproveitadas, influência exercida para o bem ou para o mal,
juntamente com seus resultados de vasto alcance, tudo é fielmente registrado.
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Além dos livros de
registros e do livro da Vida, a Bíblia menciona "um
memorial" escrito diante de Deus, no qual estão registradas as
boas ações "dos que temiam o Senhor e honravam o Seu nome" (Malaquias
3:16 NVI). Suas
palavras de fé, seus atos de amor, acham-se registrados no Céu. Neemias
refere-se a isso quando diz: "Por isto, Deus meu, lembra-Te de mim e não
apagues as beneficências que eu fiz à casa de meu Deus e para o Seu
serviço." (Neemias 13:14 RA).
No "livro
Memorial" de Deus, toda ação de justiça se acha imortalizada. Ali, toda
tentação resistida, todo mal vencido, toda palavra de terna compaixão que foi
proferida, acham-se fielmente historiados. E todo ato de sacrifício, todo
sofrimento e tristeza suportados por amor de Cristo, encontram-se registrados.
Diz o salmista: "Contaste os meus passos quando sofri perseguições;
recolheste as minhas lágrimas no Teu odre; não estão elas inscritas no Teu livro?" (Salmos
56:8 RA).
Considerações Finais
"Vivemos hoje no
grande dia da Expiação. No cerimonial típico [cerimonial mosaico], enquanto o
sumo sacerdote fazia expiação por Israel, exigia-se de todos que afligissem a
alma pelo arrependimento do pecado e pela humilhação, perante o Senhor, para
não serem extirpados dentre o povo. De igual modo, todos quantos desejem ver o
seu nome conservado no livro da Vida, devem, agora, nos poucos dias de graça
que restam, afligir a alma diante de Deus, em tristeza pelo pecado e em
arrependimento verdadeiro. Deve haver um exame de coração, profundo e fiel.
(...)
Quando se encerrar a
obra do juízo de investigação, o destino de todos terá sido decidido; ou para a
vida, ou para a morte. O tempo da graça finaliza pouco antes do aparecimento do
Senhor nas nuvens do céu. Cristo, no Apocalipse, prevendo aquele tempo,
declara: 'Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo suje-se ainda; e
quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E, eis
que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.' (Apocalipse
22:11-12 KJV cf. Apocalipse 16:17).
Os justos e os ímpios
estarão ainda a viver sobre a Terra em seu estado mortal; estarão os homens a
plantar e a construir, comendo e bebendo, todos inconscientes de que a decisão
final, irrevogável, foi pronunciada no santuário celestial. Antes do dilúvio,
depois que Noé entrou na arca, Deus o encerrou ali, e excluiu os ímpios; mas,
durante sete dias, o povo, não sabendo que seu destino se achava determinado,
continuou em sua vida de descuido e de amor aos prazeres, zombando das
advertências sobre o juízo iminente. 'Assim', diz o Salvador, 'será também a
vinda do Filho do homem' (Mateus 24:37-42).
Silenciosamente, despercebida como o ladrão à meia-noite, virá a hora decisiva
que determina o destino de cada homem, sendo retraída para sempre a oferta de
misericórdia ao homem culpado."8
A Bíblia descreve
claramente o tribunal celestial e a hora de seu juízo. As cenas desse grande
julgamento estão reveladas, tem-se:
- O Tribunal: "Pois
todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de
acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer
sejam más." (II Coríntios 5:10 NVI).
- O Juiz: "Ó céu
anuncia Sua justiça, pois o próprio
Deus vai
julgar." (Salmos 50:6 BJ).
- O Promotor de
Defesa: "(...) se alguém pecar, temos como advogado, junto do Pai, Jesus Cristo, o
Justo." (I João 2:1 BJ).
- As Testemunhas: "Vede,
não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque Eu vos afirmo que os
seus anjos nos céus vêem incessantemente a face
de Meu Pai celeste." (Mateus 18:10 RA). "(...)
milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante
dEle. (...)" (Daniel 7:10 RA).
- As Provas: "(...)
O tribunal iniciou o julgamento, e os livros foram abertos." (Daniel
7:10 NVI).
- O Promotor de
Acusação: "E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se
chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo (...) foi
expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de
noite, diante do nosso Deus." (Apocalipse 12:9-10 RA).
- Os Réus: "Pois
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça (...)" (Atos
17:31 NVI). "Pois todos pecaram e estão destituídos da glória
de Deus." (Romanos 3:23 NVI).
A mensagem do primeiro
anjo anuncia este acontecimento, e segue alertando a cada "nação, tribo,
língua e povo" (Apocalipse 14:6-7).
Texto baseado em: Nisto Cremos.
(2003). 7.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 23.
Vídeo relacionado: O Santuário e
o Conflito
a.
Acesse: A Hora do
Juízo
b. O
início ou inauguração do ministério sumo sacerdotal de Cristo no santuário
celestial difere do momento em que Ele iniciou a etapa de purificação do
santuário (dia da Expiação).
c.
Acesse: O Bode
para Azazel
d.
Acesse: Perdão
e Salvação
e.
Acesse: Justificação
pela Fé
f.
Acesse: Os
Ministérios da Lei de Deus
g. A
palavra "iniquidade" utilizada em Mateus 7:23, provém do substantivo
grego "anomia", que significa: desprezo, violação ou
transgressão da lei. Biblicamente, "anomia" é sinônimo de
pecado: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei [anomia], porque o pecado é a transgressão da lei [anomia]." (I João 3:4 RA).
1.
Hebreus 4:14-16; Hebreus 8:1-5; Hebreus 9:11-12; I João 2:1-2.
2.
WHITE, E. G. Grande
Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. III, cap. 24, p. 426.
3. Ibidem, cap.
23, p. 421.
4.
WHITE, E. G. História
da Redenção, São Paulo: CPB, cap. 53, p. 378.
5.
"A tradição judaica durante muito tempo tem retratado o Yom Kippur [dia da Expiação] como dia de
julgamento, um dia em que Deus toma assento em Seu trono e julga o mundo. Os
livros de registro são abertos, todas as pessoas passam diante dEle, e os
destinos são selados." Fonte: SILVERMAN, M. (1951). The Jewish Encyclopedia, Hartford, Conn.: Prayer Book Press, p. 147, 164. "O Yom Kippur traz também conforto e segurança aos
crentes, pois é 'o dia em que a temerosa antecipação do julgamento vindouro
finalmente cede lugar à confiante afirmação de que Deus não condena, mas
perdoará abundantemente aqueles que se volvem a Ele em penitência e
humildade'." Fonte: SIMPSON, W. W. (1965). Jewish Prayer and Worship, New York :
Seabury Press, p. 57-58.
6.
Isaías 1:17-18; Isaías 43:25-26; Ezequiel 33:12-16; Malaquias 3:16-18.
7.
WHITE, E. G. Conselhos
Sobre Mordomias, São Paulo: CPB, sec. V, cap. 33, p. 162. Too in: Review and Herald, 21 de julho de 1910.
8.
WHITE, E. G. Grande
Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. IV, cap. 28, p. 489-490.