sábado, 28 de dezembro de 2013

A Guarda Dominical e o "deus Sol"


"Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atentem os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer a miúdo que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu."1

Este decreto foi promulgado em 07 de março de 321 d.C. pelo imperador Constantino (Flavius Valerius Constantinus) e visava, entre outros motivos, destinar oficialmente o dia dedicado ao "deus SolInvictus" para os cultos pagão e cristão. A veneração à essa divindade pagã tem forte ligação com o mitraísmo, que era a religião predominante no alto império. Sobre o edito de Constantino, comenta-se:
"O imperador Constantino, um converso ao cristianismo, introduziu a primeira legislação civil a respeito do domingo, em 321, quando decretou que todo o trabalho deveria cessar no dia do Sol; exceto os agricultores que poderiam trabalhar se fosse necessário. Esta lei, que visava dar tempo para o culto, foi acompanhada por mais restrições nas atividades dominicais nos séculos posteriores."2
"Séculos da era cristã se passaram antes que o domingo fosse observado pela igreja cristã como o sábado. A História não nos fornece uma única prova ou indicação de que fosse observado antes do edito de Constantino em 321 d.C."3
"Todavia, qualquer que tenha sido a opinião e a prática desses primeiros cristãos em relação à cessação do trabalho no domingo, sem dúvida, a primeira lei, seja eclesiástica ou civil, na qual a observância do descanso daquele dia se sabe ter sido ordenada, é o edito de Constantino, 321 d.C."4
"Constantino tinha governado na Gália e na Grã-Bretanha, onde melhorou as condições para os cristãos. E quando chegou ao poder em 313 d.C., ele uniu-se a Maxêncio para comemorar o edito de Milão, pelo qual os direitos civis foram concedidos aos cristãos, as suas propriedades restauradas e, a liberdade religiosa universal foi garantida a todos. Em 321 d.C., Constantino tendo se tornado imperador único, emitiu seu famoso edito proibindo determinados trabalhos e o comércio aos domingos. (...) Sessenta e seis anos depois, 387 d.C., em outro decreto romano, o domingo é chamado de 'o dia do Senhor'(a)."5
Constantino era mitraísta, seguidor do "deus Sol" e, segundo os relatos históricos, ele foi o primeiro imperador a se converter ao cristianismo, mas por motivos políticos e religiosos não abandou de forma definitiva suas antigas crenças, pois era grande a influência que ele, como imperador, exercia sobre os seus súditos pagãos. Esse decreto-lei foi incluído no Direito Civil e direcionava-se a todos do império de Roma. Na esfera civil, Constantino proporcionou o primeiro meio legislativo para que o domingo fosse seguido pelo cristianismo apostatado e, disseminado ao redor do mundo como sendo o substituto do sábado presente na lei de Deus.

Paralelamente às mudanças que ocorriam no paganismo dentro do império romano, o cristianismo iniciava sua deplorável jornada rumo a apostasia se desviando do genuíno evangelho de Cristo; e os apóstolos Paulo e Pedro advertiram quanto a isso (II Tessalonicenses 2:7-8II Pedro 2:1-3). Com a morte dos primeiros discípulos, que pregavam integralmente e unicamente o que Cristo lhes ensinara, as gerações posteriores de cristãos foram gradativamente abandonando a "sã doutrina" e inevitavelmente sucumbiram aos falsos ensinos (II Timóteo 4:3-4II João 1:8-9). Uma das consequências em renunciar as Escrituras, foi a mudança na lei de Deus, que teve o segundo e quarto mandamentos anulados(b) (Daniel 7:25 cf. I Timóteo 1:3-11); alguns cristãos em pleno declínio espiritual iniciaram a estranha comemoração do "festival da ressurreição" nas manhãs de domingo, retornando em seguida ao seus afazeres. Outros, motivados pelo ódio, começaram a transgredir o quarto mandamento alegando o desvencilhar de qualquer relação com os judeus, e se baseavam no extremismo que os fariseus tinham em relação ao sábado. O bispo Eusébio sobre isso revela:
"Por sorte não temos nada em comum com a multidão de detestáveis judeus, por que recebemos de nosso Salvador, uma dia de guarda diferente."6 "Todas as coisas que era dever fazer no sábado, estas nós as transferimos para o dia do Senhor, como o mais apropriado para isso, este [domingo] é o principal na semana, é mais honroso que o sábado judaico."7
Tertuliano, patrístico do século III, discorrendo sobre a "festividade da ressurreição" relata como os cristãos que adotaram esta prática eram confundidos com os pagãos:
"Outros, com maior consideração aos bons costumes, isto deve ser admitido, supõem que o sol é o deus dos cristãos, porque é um fato bem conhecido que rezamos em direção ao leste, ou porque fazemos do dia do Sol um dia de festividade."8 "Mas, muitos de vocês, igualmente, às vezes sob o pretexto de adorar os corpos celestes, movem seus lábios na direção ao nascer do sol. Da mesma forma, se nós dedicarmos o dia do Sol com alegria, a partir de uma razão muito diferente do culto ao Sol, teremos alguma semelhança com aqueles que cultuam no dia de Saturno (...)"9
Outra alegação apresentada para alterar o dia de descanso bíblico era que, a observância dominical imposta por Constantino seria uma boa oportunidade para atrair os pagãos ao cristianismo. Entretanto, a História demonstra que ocorreu o inverso, a desobediência a Deus proporcionou a infiltração do paganismo no cristianismo. O abandono gradativo das Escrituras por esses cristãos conduziram as gerações posteriores da igreja a adotar o domingo como dia de guarda. Assim, cristianismo degenerado e paganismo convergiram para um mesmo dia de descanso e adoração.

Após a sua conversão, Constantino passou a lidar com as dificuldades em conciliar estes seguimentos religiosos e, cada decisão era instruída cuidadosamente pelos seus ministros para evitar conflitos. Em seus decretos ele utilizava de forma equilibrada um linguajar adaptado que conciliava os princípios cristão e pagão, como por exemplo: chamar de "dia do Sol" o primeiro dia da semana (domingo) que os pagãos chamavam de "dia de Mitra" e "dia do deus Sol Invicto". Ele empregou deste modo uma expressão que não ofendia as duas classes.10Adiante algumas declarações sobre estes acontecimentos:
"Quando a igreja tornou-se um departamento do Estado pelos imperadores cristãos de Roma, a observância do domingo foi imposta pela lei civil. Quando o império romano findou, o cargo de pontifex maximus, uma vez exercido pelo imperador de Roma foi reivindicado pelo bispo de Roma, e a observância do domingo foi imposta por lei eclesiástica, assim como a lei civil."11
"Os cristãos trocaram o sábado pelo domingo. Constantino, em 321, determinou a observância rigorosa do descanso dominical, exceto para os trabalhos agrícolas. (...) Em 425 proibiram-se as representações teatrais e no século VIII aplicaram-se ao domingo todas as proibições do sábado judaico."12
"O imperador Constantino, antes de sua conversão, reverenciava todos os deuses (pagãos) como tendo poderes misteriosos, especialmente Apolo, o deus do Sol, ao qual, no ano 308, ele conferiu dádivas riquíssimas; quando se tornou monoteísta, o deus a qual adorava era - segundo nos informa Uhlhorn - o 'Sol inconquistável' e não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Na verdade quando ele impôs a observância do dia do Senhor (domingo) não o fez sob o nome de sabbatum ou dies Domini, mas sob o título antigo, astrológico e pagão de dies Solis, de modo que a lei era aplicável tanto aos adoradores de Apolo e Mitra como aos cristãos."13
"(...) A conservação do antigo nome pagão de 'dies Solis' ou 'sunday', para a festa semanal cristã, é, em grande parte, devida à união dos sentimentos pagão e cristão; assim o primeiro dia da semana foi recomendado por Constantino aos seus súditos, tanto pagãos como cristãos, como o 'venerável dia do Sol'. Seu decreto, que regulamenta esta observância, tem sido com justiça chamado de 'uma nova era da história do dia do Senhor'. Foi o seu modo de harmonizar as religiões discordantes do império, unindo-as sob uma constituição comum."14
"(...) o patriotismo de boa vontade uniu-se à conveniência de fazer desse dia [domingo], de uma vez, o dia do Senhor deles e seu dia de repouso. (...) Se a autoridade da igreja [de Roma] deve ser passada por alto pelos protestantes, não vem ao caso; porque a oportunidade e a conveniência de ambos os lados constituem seguramente um argumento bastante forte para uma mudança."15
"Foi uma conversão política, e como tal foi aceita; Constantino foi pagão até próximo de sua morte. E quanto ao seu arrependimento final, abstenho-me de julgar."16 "Ele impôs a todos os súditos do império romano a observância do 'dia do Senhor' como um dia de repouso (...) que fosse honrado o dia que se segue ao sábado."17
"Para entender plenamente as provisões dessa legislação, a atitude peculiar de Constantino deve-se ser levada em consideração. Ele não se achava livre de todo o vestígio da superstição pagã. É provável que antes de sua conversão ele tenha devotado culto especialmente a Apolo, o deus-Sol.(c) (...) O problema diante dele era legislar em favor da nova fé de modo a não parecer totalmente incoerente com suas práticas antigas, e não entrar em conflito com o preconceito de seus súditos pagãos. Estes fatos explicam as particularidades desse decreto. Ele denomina o dia santo, não de 'dia do Senhor', mas de 'dia do Sol', a designação pagã, e assim o identifica com o seu antigo culto a Apolo."18
"Os gentios eram um povo idólatra que adorava o Sol, e o domingo era o seu dia mais sagrado. Ora, a fim de conquistá-los nessa nova área, senão parecia natural, ao menos fazia-se necessário tornar o domingo o dia de repouso da igreja. (...) Naquele tempo tornou-se essencial para a igreja adotar o dia dos gentios ou mudá-lo. Mudar o dia dos gentios teria sido uma ofensa e pedra de tropeço para eles. A igreja podia naturalmente ganhá-los melhor, observando o dia deles. (...) Não havia necessidade em causar uma desnecessária ofensa desonrando o dia deles."19

Considerações Finais

Constantino foi orientado a promulgar o edito de tal forma que atendesse as exigência políticas e religiosas dos pagãos e cristãos da época. Após o fim do império romano, uma de suas instituições, a igreja de Roma (em avançado estágio de apostasia), permaneceu atuante, ganhou mais autonomia e autoridade. E, valendo-se desse edito consolidou em seus concílios, como o de Laodicéia(d), a oficialização da guarda dominical dentro do cristianismo.


"No século III, o império romano se viu dilacerado pela guerra civil, devastado pela peste, a doença, e governado por uma vertiginosa sucessão de imperadores, todos apoiados num exército cada vez mais esgotado por terríveis inimigos externos. Na fermentação das religiões orientais e das novas filosofias, esfumaram-se as antigas certezas: para muitos, foi um período de ansiedade aguda. Para a igreja(e), ao contrário - e até certo ponto em consequência de tal situação - a era foi de crescimento e consolidação."20

"A conversão de Constantino lançou os bispos de Roma no âmago doestablishment romano. Já poderosos e influentes, eles se tornaram celebridades comparáveis aos mais prestigiados senadores da cidade. Era de se esperar que os bispos de todo mundo romano assumissem, agora, o papel de juízes, governadores, enfim, de grandes servidores do Estado."21



Vídeo relacionado: O Sétimo Dia - Programa 04
a. Acesse: O "dia do Senhor"
c. Gieseler's "Ecclesiastical History". As moedas de Constantino tinham impressas simultaneamente a imagem de Apolo e o nome de Cristo.
e. Igreja de Roma.
1Codex Justinianus - Corpus Júris Civilis, lib. 3, tit. §12 (3).
2. "Sunday". (2010). Encyclopædia Britannica. Chicago: Encyclopædia Britannica.
3. DOMVILLE, W. (1849). The Sabbath: An examination of the six texts commonly adduced from the New Testament in proof of a christian sabbath, London: Chapman and Hall, chap. VIII, p. 291.
4. "Sabbath". (1873). Chambers's Encyclopædia, vol. VIII, Philadelphia: J. B. Lippincott & Co., p. 401.
5The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, vol. XI, p. 147b; (art.: Sunday, sec. 3).
6. Eusebius, Life of Constantine, book III, chap. XVIII.
7. Eusebius's Commentary on the Psalms (Psalm 92: A Psalm or Song for the Sabbath-day). Too in: Migne's Patrologia Graeca, vol. XXIII, col. 1171-1172.
8. Tertullian, Apologetic: Ad Nationes, book I, chap. XIII.
9. Tertullian, Apologetic: Apology, chap. XVI.
10. GIBBON, E. (1776). The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, vol. III, chap. XX, §§ 6-9.
11. Sunday. (1920). The Encyclopedia Americana Corporation, vol. XXVI, New York: Albany, p. 31a.
12Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, verbete: "Domingo". Quoted in: CHRISTIANINI, A. B. (1981).Subtilezas do Erro, 2.ª ed., São Paulo: CPB, cap. 37, p. 237.
13. Talbot Wilson Chambers, The Old Testament Student, Published: The University of Chicago Press, (January, 1886), p. 193-194.
14. STANLEY, A. P. (1869). Lectures on the History on the Eastern Church, 4.ª ed., London: John Murray, p. 193.
15North British Review, vol. 18, p. 409. Quoted in: CHRISTIANINI, A. B. opcit. p. 240.
16. Tertullian, Against Marcion: Elucidation II, book IV.
17. Eusebius, Life of Constantine, book IV, chap. XVIII.
18. ELLIOT, G. (1884). The Abiding Sabbath: An Argument for the Perpetual Obligation of the Lord's Day, American Tract Society, chap. V, p. 228-229.
19. FREDERICK, W. M. (1900). Three Prophetic Days: Sunday The Christian's Sabbath, Clyde, Ohio: Published by WM Frederick, p. 169-170.
20. DUFFY, EAMON. (1998). Santos e Pecadores: História dos Papas, São Paulo: Cosac & Naify, p. 16.
21Ibidem, p. 29.

sábado, 21 de dezembro de 2013

A Lei de Deus - Adulterada

"Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei. (...)" (Daniel 7:25 RA).
O desprezo contra a lei de Deus, especialmente contra o quarto mandamento, não é algo que Satanás busque esconder (Ezequiel 28:15 cf. I João 3:4Apocalipse 12:17), e hoje, muitos mantêm o mesmo sentimento. Ao longo dos milênios, valendo-se de homens envolvidos por vãs filosofias, cobiça e ambição por poder e prestígio, o arqui-inimigo de Deus tem trabalhado incansavelmente para atingir os seus objetivos, sendo o principal evitar que a humanidade reconheça e louve ao Deus Criador. Satanás não possui o direito de ser reverenciado, e como não conseguiu usurpá-lo(a), esforça-se para desviar do Criador toda a honra e glória (Isaías 14:12-15 cf. Apocalipse 12:7-10I Timóteo 1:17). E para alcançar este propósito ele ataca o Decálogo intensamente (Apocalipse 12:17 cf.Apocalipse 14:12).

Sendo a adoração e a obediência destinadas unicamente a Deus, a causa do confronto entre o bem e o mal, observa-se que esses dois princípios fundamentais são mais severamente afetados quando ocorre alterações no segundo e quarto mandamentos de Sua lei. Fazendo o comparativo entre os Dez Mandamentos escritos por Deus e, os "dez mandamentos" adulterados por Satanás, percebe-se claramente a intenção deste último de anular os verdadeiros propósitos do Decálogo.

Os Dez Mandamentos - conforme Êxodo 20:3-17 (originais - de acordo como Deus escrevera, Êxodo 31:18Êxodo 34:1):

1. Não terás outros deuses diante de Mim.
2. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque Eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos.
3. Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão.
4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva (...) porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.
5. Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá.
6. Não matarás.
7. Não adulterarás.
8. Não furtarás.
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo (...), nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.

Os "Dez Mandamentos" - de acordo com a igreja de Roma1 (modificados pelo homem - induzido por Satanás, João 8:44I João 3:8I João 5:19):

1. Amar a Deus sobre todas as coisas.
2. Não tomar Seu santo nome em vão.
3. Guardar domingos e festas.
4. Honrar pai e mãe.
5. Não matarás.
6. Não pecar contra a castidade.
7. Não furtarás.
8. Não levantar falso testemunho.
9. Não desejar a mulher do próximo.
10. Não cobiçar as coisas alheias.

A igreja romana retirou o segundo mandamento que proíbe a confecção e adoração de imagens, com isso o terceiro mandamento, para ela, passou a ser o segundo; o quarto mandamento totalmente alterado tornou-se o terceiro;2 o quinto mandamento ficou no lugar do quarto e assim sucessivamente. E para manter o número total de 10 (dez) mandamentos, o décimo foi dividido em dois. Estas mudanças estão registradas na vasta literatura da igreja de Roma (igreja Católica Apostólica Romana).

Pode-se observar ainda uma alteração sutil no primeiro mandamento. No texto original é dito: "Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3); este mandamento requer aceitação e adoração ao único Deus Criador. O texto reeditado por Roma, diz: "Amar a Deus sobre todas as coisas". Esta reedição não impede diretamente a veneração de "deuses", e deixa implícito que não é necessariamente proibido adorá-los, desde que eles não sejam considerados superiores ao Deus Onipresente, Onisciente e Onipotente descrito na Bíblia.

A apostasia e o filho da perdição
"Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, chegando até a assentar-se no santuário de Deus, proclamando que ele mesmo é Deus." (II Tessalonicenses 2:3-4 NVI).
Compare o alerta feito pelo apóstolo Paulo nos versos de II Tessalonicenses 2:3-4, com estas declarações provenientes da igreja de Roma:

"O papa é de tão grande dignidade e grandeza que ele não é um simples homem, mas, como se fosse Deus, o vigário de Deus. (...) Por conta da excelência de sua suprema dignidade, ele é chamado bispo dos bispos, (...) monarca divino, supremo imperador e rei dos reis. Por isso o papa está coroado com uma tríplice coroa, como o rei do céu, da terra e do inferno (infernorum). Mais que isso, a excelência e poder do papa não é somente sobre temática celestial, terrestre e do inferno, mas, ele também está acima dos anjos, é o superior deles; então se for possível que os anjos errem na fé, ou cogitem sentimentos contrários à ela, eles poderiam ser julgados e excomungado pelo papa.
Ele é de tamanha dignidade e poder, que ocupa um único e idêntico tribunal com Cristo; de modo que, tudo o que o papa faz, parece proceder da boca de Deus. (...) O papa é, por assim dizer, Deus na Terra, único príncipe dos fiéis de Cristo, o maior rei de todos os reis, tendo a plenitude do poder, a quem o governo do reino terrestre e celestial é confiado."3 "As sentenças que ele ordena são imediatamente ratificadas no Céu."4
"O papa é de tão grande autoridade e poder, que ele pode modificar, declarar, ou interpretar até as leis divinas. (...) pode, às vezes, contrariar a lei divina, ao limitar, explicar, etc. (...) pois seu poder não provém do homem, mas de Deus, ele supri o lugar de Deus na Terra."5
Com base nessa fictícia e demoníaca afirmativa de possuir poder e soberania proveniente de Deus e, até mesmo ostentando ser como Deus, é que a igreja de Roma modificou os Dez Mandamentos conhecidos desde a época da criação(b), e que foram ratificados no monte Sinai; cumprindo deste modo as profecias de Daniel 7:25 e Apocalipse 13:5-6. Deve-se ressaltar ainda que: as mudanças no Decálogo não ocorreram por um único papa, ou, em um momento específico na era cristã. Essas modificações aconteceram de forma gradual através dos séculos por meio de vários concílios coordenados pela igreja romana. A seguir algumas declarações provenientes de teólogos e fundadores do protestantismo, confissões de fé e, outras literaturas protestantes oficiais que são contrárias às alterações na lei de Deus promovidas pela igreja de Roma.

Igreja Anglicana

Sequência de perguntas e respostas extraídas do catecismo anglicano:6
Pergunta: Disseste que os teus padrinhos prometeram solenemente que guardarias a santa vontade de Deus e os Seus mandamentos. Dize-me quantos mandamentos há.
Resposta: Dez.
Pergunta: Quais são?
Resposta: Os mesmos que Deus pronunciou, como se encontra no capítulo vinte do livro de Êxodo, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. I. Não terás outros deuses diante de Mim. II. Não farás para ti imagem de escultura (...) III. Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão (...) IV. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (...) V. Honra teu pai e tua mãe (...) VI. Não matarás. VII. Não adulterarás. VIII. Não furtarás. IX. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. X. Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo (...)".
Pergunta: Que entendes principalmente destes mandamentos?
Resposta: Entendo duas coisas: o meu dever para com Deus, e o meu dever para como o meu próximo.
Igreja Assembleia de Deus

"'Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei'(c). (...) Não é simplesmente uma questão de violar uma regra específica do código, mas sim uma questão de uma atitude rebelde. Foi Deus quem deu a lei, portanto a transgressão da lei é, no fundo, uma rebelião contra Deus."7
"(...) Tiago nos lembra que se transgredimos uma só lei, nos tornamos pecadores. Não podemos decidir manter uma parte da lei de Deus e ignorar o restante dela. Não se pode infringir a lei 'só um pouco'; aquele que infringi-la, precisará de Cristo para pagar por seu pecado. (...) A graça de Deus não cancela o nosso dever de obedecê-lo; ela dá à nossa obediência uma nova base. A lei não é mais um conjunto exterior de regras, mas é a 'lei da liberdade' - uma lei que cumprimos alegre e voluntariamente, por amarmos a Deus e termos o poder de Seu Espírito Santo."8
"Ao responder à pergunta do jovem sobre como alcançar a vida eterna, Jesus lhe disse que devia obedecer aos Dez Mandamentos de Deus. Em seguida, Jesus relacionou seis deles, todos referentes ao relacionamento com os semelhantes. (...)"9 "A salvação em Cristo não significa que a lei perdeu o seu valor. Na realidade, a justificação pela fé confirma a lei, quanto ao seu propósito e função original. Mediante sua reconciliação com Deus e a obra regeneradora do Espírito Santo, o crente é capacitado a honrar e obedecer à lei Moral de Deus."10

Igreja Batista

"A lei de Deus deve ser perpétua. Não há revogação, nem alteração da mesma. Ela não deve ser atenuada ou ajustada à nossa condição pecaminosa; mas cada um dos justos preceitos do Senhor permanece para sempre." (...) Nosso Senhor Jesus declara que Ele não veio para aboli-la. Suas palavras são bastante claras: 'Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim para destruir, mas cumprir.' E Paulo com relação ao evangelho nos diz: 'Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei' (Romanos 3:31). O evangelho é o meio de estabelecer, firmar e vindicar a lei de Deus.
Jesus não veio para mudar a lei, Ele veio para esclarecê-la, e este fato revela sua continuidade, pois não há necessidade de esclarecer o que é revogado. (...) Para mostrar que Ele nunca pretendeu revogar a lei, nosso Senhor Jesus personificou todos os seus mandamentos em Sua própria vida. Em Sua própria pessoa havia uma natureza que estava em perfeita conformidade com a lei de Deus."11
"A mesma lei que foi escrita no coração do homem, continuou a ser uma perfeita regra de justiça após a queda, e foi entregue por Deus no monte Sinai, em Dez Mandamentos escritos em duas tábuas, os quatros primeiros contendo nosso dever para com Deus, e os outros seis o nosso dever para com o homem. (...) Para sempre a lei Moral requer obediência de todos, tanto de pessoas justificadas quanto das demais. E isto não apenas por causa do assunto de que trata esta lei, mas, também, por causa da autoridade de Deus, o Criador, que a impôs. No evangelho, Cristo de modo nenhum dissolve a lei, antes confirma a sua obrigatoriedade."12

Igreja Congregacional

"A lei de Deus exige a perfeita obediência a todos os seus requisitos. (...) As exigências desta lei são duas: tu amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma e com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e amarás a teu próximo como a ti mesmo; (...) e isso tu farás durante toda a tua vida.
A peculiar perfeição da obediência, aqui exigida, é a universalidade da mesma. Outra lei não exige a consagração absoluta de todas as nossas forças em obediência a seus preceitos, ou estende as suas exigências a cada momento de nossa existência. (...) A lei de Deus é o fundamento de Seu Governo, e da felicidade que confere às Suas criaturas racionais; uma felicidade, em parte, subordinada pela própria natureza da obediência, e sob certo aspecto pela recompensa do Legislador. Esta importância da lei, portanto, é imensurável."13
"E na mesma proporção que a inimizade dos homens ímpios ferve e se enfurece contra o próprio Deus, ela vai igualmente contra a Sua lei. (...) Porém, por mais que homens maus estejam descontentes com a lei, e por mais que a inimizade deles levante-se, intensifique-se e enfureça-se contra ela, eles ainda estão sob as suas obrigações. A lei ainda está em seu pleno vigor, irrevogável e inabalável; e consequentemente é seu dever indispensável e inviolável, observar e cumpri-la perfeitamente. (...) Ela não foi entregue a qualquer seita religiosa em particular, classe ou grupo de homens, mas foi estabelecida como regra de obediência à ser observada por todos. (...) Quer sejam os homens piedosos ou perversos, a este respeito não há diferença; é dever indispensável que todos vivam em perfeita obediência à lei divina."14

Igreja Luterana

"Estas foram as razões, porque, na descrição do pecado original, fizemos menção também da concupiscência. (...) o pecado original também contém estas enfermidades, a saber: ignorância de Deus, desprezo de Deus, caráter destituído de temor e confiança em Deus, incapacidade de amar a Deus. Estas são as principais falhas da natureza humana, conflitantes especialmente, com a primeira tábua do Decálogo."15
"Está escrito pelo profeta (Jeremias 31:33): 'Porei a Minha lei no interior deles e a escreverei nos seus corações'. Em Romanos 3:31, Paulo diz: 'Anulamos então a lei pela fé? Deus nos proibi: na verdade, estabelecemos a lei'. E Cristo diz (Mateus 19:17): 'Se queres entrar na vida, observes os mandamentos'. Da mesma maneira (I Coríntios 13:3): 'Se não tiver bondade, nada disso me aproveitará'. Estas e outras sentenças comprovam que a lei deve ser iniciada em nós, e deve ser mantida por nós cada vez mais. Além disso, não estamos falando de cerimônias, mas da lei que fornece mandamentos relativos ao comportamento do coração, a saber o Decálogo."16
"Portanto, temos nos Dez Mandamentos, um compêndio da doutrina divina quanto aquilo que devemos fazer, para que toda a nossa vida seja agradável a Deus; como uma verdadeira fonte e canal de onde tudo proceda e seja considerado boas obras; então, fora destes Dez Mandamentos nenhuma obra ou coisa alguma pode ser boa ou agradável a Deus, por maior ou preciosa que seja aos olhos do mundo."17

Igreja Metodista

"(...) a lei Moral, constituída por Dez Mandamentos e ministrada pelos profetas, Ele [Jesus Cristo] não removeu. Não foi o objetivo de Sua vinda, revogar qualquer parte dela. Esta é uma lei que jamais pode ser inutilizada; que 'permanece firme como uma testemunha fiel no Céu'(d).
A [lei] Moral encontra-se sobre uma base totalmente diferente da cerimonial, lei ritual, a qual foi estabelecida apenas para uma restrição temporária de um povo rebelde e de dura cerviz; enquanto esta [lei Moral] surgiu desde o princípio do mundo, sendo 'escrita não em tábuas de pedra', mas no coração de todos os filhos dos homens, quando saíram das mãos do Criador. No entanto, as letras outrora escritas pelo dedo de Deus, são hoje em grande medida desfiguradas pelo pecado; por hora elas não podem ser completamente eliminadas, enquanto tivermos alguma consciência do bem e do mal. Cada parte da lei deve permanecer em vigor, a toda humanidade, em todas as épocas; independente de tempo ou lugar, ou quaisquer outras circunstâncias passíveis de transformações. (...)"18
"No código de leis chamado Decálogo, considerando que o preceito do sábado é iniciado com a palavra 'lembrar', entendemos que, a obrigação de observá-lo era conhecida antes. Os homens não são intimados a 'lembrar' o que eles anteriormente não conheciam. O Decálogo, de que o quarto mandamento é uma parte, não contém os estatutos cerimoniais e judiciais da nação de Israel, que eram de duração temporária, mas as leis de dever eterno, na qual toda a nação e autoridades são obrigados a observar. A lei do sábado permanece no centro da obrigação religiosa. É precedido e seguido por estatutos que todo ser humano é obrigado a obedecer. Encontramos a lei do sábado lado a lado da lei sobre a idolatria, assassinato, adultério, roubo e equivalentes. Deus exige obediência universal. Permitir que qualquer um destes mandamentos sejam transgredidos, teremos em breve todo o conjunto do Decálogo anulado."19

Igreja Presbiteriana

"Com respeito à doutrina, não devemos imaginar que a vinda de Cristo nos libertou da autoridade da lei, pois é a regra eterna de uma vida devota e santa, e deve, portanto, ser tão imutável como a justiça de Deus."20 "Onde há uma entrega a Cristo, há primeiramente que encontrar nEle a perfeita justiça da lei, que nos é imputada, tornando-se nossa; e depois há a santificação, pela qual os nossos corações são preparados para guardar a lei."21 "A lei não sofreu nenhuma diminuição de sua autoridade e deve receber de nossa parte sempre o mesmo respeito e obediência."22
I. Deus entregou a Adão uma lei, como um pacto de obras, pela qual Ele o submeteu e toda sua posteridade, a uma obediência perpétua, pessoal, completa e perfeita; prometeu vida sob a condição de cumprir e ameaçou de morte em caso de violar a mesma, e dotou-lhe com poder e capacidade para guardá-la.
II. Essa lei, após sua queda, continuou a ser uma perfeita regra de justiça; e, como tal, foi entregue por Deus no monte Sinai, em Dez Mandamentos, escritos em duas tábuas: os primeiros quatro mandamentos contêm o nosso dever para com Deus; e os outros seis, o nosso dever para com o homem.
V. A lei Moral submete sempre a todos, tanto as pessoas justificadas como as demais, a obedecê-la; e isso, não somente quanto à matéria contida nela, mas também pelo respeito à autoridade de Deus, o Criador, que a entregou. Nem Cristo, no evangelho, de modo algum anula esta obrigação, antes a fortalece.23

Considerações Finais

Apesar da grande maioria das denominações protestantes reconhecerem e professarem que unicamente Deus possui soberania universal, e que Sua lei é imutável, atuante e eterna, na prática isso não ocorre, pois o Decálogo não é obedecido em sua totalidade por elas, uma vez que o sábado descrito no quarto mandamento continua sendo substituído pelo domingo, e assim, aceitam a "autoridade" da igreja de Roma para modificá-lo. Sobre este fato, o reverendo católico John Anthony O'Brien declara:

"Todavia, visto que o sábado, não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da igreja, observem o domingo em lugar do sábado? Sim, certamente, isto é inconsistente. (...) Eles mantêm o costume [de observar o domingo], apesar dele repousar sobre a autoridade da igreja Católica e não sobre um texto explícito da Bíblia. Esta observância permanece como uma lembrança da igreja Mãe da qual as seitas não-católicas se separaram - tal como um garoto que foge de casa mas ainda carrega em seu bolso uma fotografia da mãe ou uma mecha de seu cabelo."24
A Bíblia cita a igreja Mãe e suas filhas mencionadas por O'Brien da seguinte maneira: "Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: 'Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra'." (Apocalipse 17:5 RA). O livro de Apocalipse chama as igrejas Filhas de meretrizes por causa das falsas doutrinas (promiscuidade doutrinária) que elas herdaram de "Babilônia, a Grande", a igreja Mãe(e).

E "hoje, como nos dias de Elias, a linha de demarcação entre o povo que guarda os mandamentos de Deus e os adoradores de falsos deuses está claramente definida. 'Até quando coxeareis entre dois pensamentos?' clamou Elias; 'se o Senhor é Deus, segui-O; se é Baal, segui-o.' (I Reis 18:21 KJV)".25 Para o Legislador dos Dez Mandamentos, "qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tiago 2:8-13 RA). O verso de Apocalipse 14:8 denuncia esta rebelião contra Deus e, paralelamente a ele, é feito o urgente alerta: "Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos." (Apocalipse 18:4 RA).



a. Acesse: A Origem do Mal
c. Transcrição de I João 3:4, versão João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada (RA).
d. Em referência a Salmos 119:89 (cf. Êxodo 34:28, Apocalipse 11:19).
1Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana, 3.ª parte, 2.ª seção (Os Dez Mandamentos).
2. "Commandments of God". (1913). The Catholic Encyclopedia, vol. IV, New York: Encyclopedia Press, Inc., p. 153b.
3. ELLIOTT, C. (1841). Delineation of Roman Catholicism, vol. II, New York: Published by George Lane, book III, chap. IV, p. 156-157. Too in: The American Quarterly Church Review and Ecclesiastical Register, vol. XXI, ed. N.S. Richardson (April, 1869), p. 166-167.
4. "Pope". (1913). The Catholic Encyclopedia, vol. XII, New York: The Encyclopedia Press, Inc., p. 265b.
5. FERRARIS, F. L. (1772). Prompta Bibliotheca: Canonica Juridica Moralis Theologica, vol. VI, Printed at Rome, "Papa" (article II), p. 25-29.
6. "A Catechism". (1806). The Book of Common Prayer, New York: Printed for Peter A. Mesier, sec. 17.
7. RICHARDS, L. O. (2008). Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, 3.ª ed., Rio de Janeiro: CPAD, p. 537.
8Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal. (2004). Rio de Janeiro: CPAD, p. 1755; (comentários sobre Tiago 2:10 e 12).
9Ibidem, p. 1258; (comentários sobre Mateus 19:17ss).
10Bíblia de Estudo Pentecostal. (2002). Rio de Janeiro: CPAD, comentários sobre Romanos 3:31.
11. SPURGEON, C. H. (1882). Spurgeon's Sermons, vol. 28, sermon n.º 1660 (ref. Mt 5:18), p. 277. Too in:Melbourne Age, Australian: May 21, 1882.
12The 1677/89 London Baptist Confession of Faith, chap. XIX, art. II, V.
13. DWIGHT, T. (1846). Theology Explained and Defended, vol. I, New York: Published by Harper & Brothers, sermon XXXIV, p. 507-508.
14. EDWARDS, T. (1842). The Works of Jonathan Edwards, vol. II, Andover: Published by Allen, Morrill & Wardwell, sermon XXIII, p. 372.
15The Apology of the Augsburg Confession, chap. I, art. II (Of Original Sin). In: JACOBS, H. E. (1911). The Book of Concord: The Symbolical Books on the Evangelical Lutheran Church, Philadelphia: The United Lutheran Press, p. 78.
16The Apology of the Augsburg Confession, chap. III. In: JACOBS, H. E. opcit., p. 104.
17The Large Catechism of Martin Luther, Part First (The Ten Commandments). In: JACOBS, H. E. opcit., p. 435.
18. DREW, S. (1829). Sermons on Several Occasions by the Rev. John Wesley, vol. I, London: Printed by Thomas Tegg, ser. XXVII, disc. V, p. 276-277.
19. "Divinity" (June, 1867). In: The Primitive Methodist Magazine, vol. V, London: Pub. by Willian Lister, p. 325-326.
20. CALVINO, J. Commentary on the Harmony of the Gospels, vol. I, (comments on Matthew 5:17).
21. CALVINO, J. Calvin's Commentary, comments on Romans 3:31.
22. CALVINO, J. (1536). Institutas, book II, chap. VII, sec. 15.
23Westminster Confession of Faith, chap. XIX (Of the Law of God), art. I, II and V.
24. O'Brien, J. A. (1974). The Faith of Millions: The Credentials of the Catholic Religion, revised edition, Huntington: Our Sunday Visitor Inc., p. 400-401; (Imprimatur: Leo A. Pursley, Bishop of Fort Wayne-South Bend).
25. WHITE, E. G. Profetas e Reis, São Paulo: CPB, sec. II, cap. XIV, p. 187-188.


sábado, 14 de dezembro de 2013

Babilônia Denunciada - II

"(...) mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, com quem se prostituíram os reis da Terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na Terra.
(...) vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: 'Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra'. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. (...) as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. (...)" (Apocalipse capítulo 17 RA).
A palavra "Babilônia" no livro de Apocalipse refere-se as instituições eclesiásticas e seus dirigentes, e não especificamente a seus membros os quais são chamados de "muitas águas" (Apocalipse 17:15), ela simboliza todas as organizações religiosas contrárias a Deus que já surgiram neste mundo. Porém, dentro do próprio sistema que forma Babilônia, existe uma unidade organizacional conhecida por "Babilônia, a Grande" e representa a igreja de Roma (igreja Católica Apostólica Romana). Esta igreja no fim dos tempos liderará a tríplice união(a) formada pelo: papado, protestantismo apostatado e espiritismo (Apocalipse 16:13-14). Essa união aparentemente estável entrará em colapso e será exterminada, e aqueles comprometidos ou vinculados à ela serão igualmente destruídos quando Cristo findar o Seu ministério no santuário celestial e retornar a este mundo(b) (Apocalipse 16:17-19 cf. Zacarias 11:8-10).


A igreja de Roma é simbolizada por uma "meretriz" em decorrência de sua promiscuidade doutrinária e espiritual, e é adjetivada de "grande" devido ao alcance global(c) de seus domínios e ensinos. Ela encontra-se "sentada sobre muitas águas", ou seja, exerce o seu poder de forma absoluta sobre "povos, multidões, nações e línguas" (Apocalipse 17:15).

Valendo-se desse domínio e dotada de um caráter sedutor, ela persuadiu e conquistou os reis da Terra com os quais teve relações ilícitas(d) (Apocalipse 17:2). E este vínculo político-religioso entre os Estados e a igreja romana terá novamente seu apogeu antes do segundo advento de Cristo (cf. Apocalipse capítulo 13). Ao longo dos tempos, a parte política desse relacionamento concedeu sua autoridade e seus recursos para a parte religiosa, tornando-se desta maneira cúmplice de seus crimes (Apocalipse 17:13). E, a intensidade com que as pessoas "se embebedaram com o vinho" de falsos ensinos doutrinários da igreja sempre esteve diretamente relacionada com a extensão do apoio político concedido à ela.

A igreja romana encontra-se "vestida de púrpura e escarlata, adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas" (Apocalipse 17:4). Estas cores são largamente utilizadas em suas vestimentas sacerdotais, e tanto o clero quanto as catedrais ostentam riquezas em suas ornamentações de elevado valor(e) (cf. Apocalipse 18:16). Ela usa em suas liturgias "um cálice de ouro" no qual externamente ilude as multidões com sua beleza, enquanto de seu interior transborda abomináveis doutrinas e imundas relações com o mundo (Apocalipse 17:4). João descreve ainda a localização geográfica de "Babilônia, a Grande" ao citar que ela esta "sentada" sobre "sete montes"(f) (Apocalipse 17:9). E a cidade de Roma, na qual a sede da igreja romana se encontra, é conhecida como a "cidade das sete colinas"(g) por estar situada entre sete montes.

"Babilônia, a Grande" é indiciada por vários crimes, dentre eles: persuadir os reis (governantes) da Terra a se unirem à ela com o intuito de promover seus desígnios perniciosos; dominar por violência e afligir povos e reinos; instigar os habitantes da Terra a apoiar seus dogmas, tornando-os coparticipantes de seus delitos; e, assassinato. Em relação a este último crime a História retrata a igreja de Roma como impiedosa e sanguinária. João ao presenciar o seu grau de perversidade a descreve "embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus" (Apocalipse 17:6). São inúmeros os relatos de atrocidades e condenações a morte àqueles que rejeitaram seus ensinos e supremacia; o período da Inquisição(h) representa com propriedade as cruéis perseguições promovidas por ela. Associa-se ainda aos crimes citados, a deturpação do evangelho de Cristo e de Seu ministério sacerdotal(i). Em essência, os pecados dessa igreja foram motivados pelo orgulho e arrogância (Apocalipse 18:7), os mesmos atributos que conduziram Lúcifer a ruína. Estes fatos revelam o verdadeiro propósito do arqui-inimigo de Deus para humanidade, que atua de forma sorrateira através do próprio homem.

"A Escritura Sagrada declara que Satanás, antes da vinda do Senhor, operará 'com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça'; e 'os que não receberam o amor da verdade para se salvarem' serão deixados à mercê da 'operação do erro, para que creiam na mentira'." (II Tessalonicenses 2:9-11 KJV). A queda de Babilônia se completará quando esta condição for atingida, e a união da igreja com o mundo se tenha consumado em toda a cristandade. (...)
Apesar das trevas espirituais e afastamento de Deus prevalecentes nas igrejas que constituem Babilônia, a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo encontra-se ainda em sua comunhão. Muitos deles há que nunca souberam das verdades especiais para este tempo. Não poucos se acham descontentes com sua atual condição e anelam mais clara luz. Em vão olham para a imagem de Cristo nas igrejas a que estão ligados. Afastando-se estas corporações mais e mais da verdade, e aliando-se mais intimamente com o mundo, a diferença entre as duas classes aumentará, resultando, por fim, em separação. Tempo virá em que os que amam a Deus acima de tudo, não mais poderão permanecer unidos aos que são 'mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela'. (II Timóteo 3:4-5 KJV cf. Tiago 4:4).
capítulo 18 do Apocalipse indica o tempo em que, como resultado da rejeição da tríplice mensagem do capítulo 14:6-12, a igreja terá atingido completamente a condição predita pelo segundo anjo, e o povo de Deus, ainda em Babilônia, será chamado a separar-se de sua comunhão. Esta mensagem é a última que será dada ao mundo, e cumprirá a sua obra. Quando os que 'não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniquidade' (II Tessalonicenses 2:12 KJV), forem abandonados para que recebam a operação do erro e creiam na mentira, a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebê-la, e os filhos do Senhor que permanecem em Babilônia atenderão ao chamado: 'Sai dela, povo Meu'." (Apocalipse 18:4)."1




Vídeo relacionado: A Estratégia do Inimigo
a. Esforço final de Satanás para conseguir a lealdade da raça humana por meio da religião. O comportamento desta união será semelhante àquele proporcionado no passado pela igreja de Roma. Por este motivo o livro de Apocalipse chama esta união de a "imagem da besta". Acesse: A Imagem do Mal.
b. Acesse: Finda-se o Tempo
c. A palavra "católica", adotada pela igreja de Roma, provém do grego "katholikós" e significa "universal".
d. Alianças entre o cristianismo apostatado e os poderes políticos. Este é o principal meio pelo qual Satanás busca unir o mundo sob sua liderança.
e. Contrastando fortemente com a simplicidade da "noiva do Cordeiro", ataviada com linho fino, limpo e branco (Apocalipse 19:7-8).
f. A palavra "monte" também é utilizada para designar poder político ou político-religioso (Jeremias 51:24-25; Ezequiel 17:22-23).
g. Grupo de sete monte (colinas) na qual a antiga cidade de Roma foi construída. São eles: Palatino, Capitolino, Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio e Aventino. Fonte: "Seven Hills of Rome". (2010). Encyclopædia Britannica. Chicago: Encyclopædia Britannica.
i. A intercessão entre o pecador arrependido e Deus é exercida unicamente por Jesus. A confissão de pecados deve ser feita diretamente e somente a Deus, o único que pode perdoá-los; e esta aproximação a Ele é possível exclusivamente pelos méritos do sacrifício expiatório de Jesus e de Sua intercessão (I João 2:1 cf. Jó 16:19; Hebreus 4:14; Hebreus 7:25). No entanto, a igreja de Roma difundi a ideia de que agentes humanos possuem os mesmos atributos sacerdotais de Jesus para interceder entre Deus e o pecador, havendo até mesmo prerrogativas em certos casos para perdoar pecados. Estes falsos ensinos tornam Jesus Cristo um mero coadjuvante no plano de salvação e afastam o pecador de buscar tanto a Ele quanto a Deus por auxílio. Acesse:A Hora do JuízoJesus, o Advogado.
1. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. III, cap. 21, p. 389-390.