sábado, 26 de julho de 2014

O Maior Santificador do Sábado - I

"Por isso os judeus perseguiam Jesus: porque fazia tais coisas no sábado. Mas Jesus lhes respondeu: 'Meu Pai trabalha até agora e Eu também trabalho'. Então os judeus, com mais empenho, procuravam matá-Lo, pois, além de violar o sábado, Ele dizia ser Deus Seu próprio Pai, fazendo-Se, assim, igual a Deus." (João 5:16-18 BJ).
Estes versos tornaram-se uma espécie de estandarte para excêntricos dominguistas e anomistas(a) enquanto desempenham a jornada de acusar Jesus de transgressor do quarto mandamento. Na realidade, o propósito desta desprezível atitude é desmerecer o sábado através das falsas acusações farisaicas direcionadas a Ele. Assim, por meio deste artifício, os atuais caluniadores de Jesus tentam justificar a repulsa que mantêm contra a guarda sabática.

A deturpação interpretativa de João 5:16-18 segue o mesmo procedimento de outros casos: isola-se o texto bíblico de seu respectivo contexto e, ignora-se os fatos a ele vinculado. Deste modo, os atuais acusadores de Jesus, sem receio algum, classificam-O de pecador à medida que elaboram suas fábulas para satisfazer a "consciência".1 Três pontos fundamentais de João 5:16-18 são premeditadamente desconsiderados por tais indivíduos:
  1. As perseguições rabínicas contra Cristo e Seu ministério;
  2. As "coisas" que Cristo realizava para ser apontado como profanador do sábado; e,
  3. As duas acusações direcionadas a Ele, simultaneamente: transgressor do sábado (por causa de Suas curas) e blasfemador (por ter Se igualado a Deus). Ambas as incriminações partiram diretamente dos escribas e fariseus, perseguidores impetuosos de Cristo. Por que os professos cristãos, que utilizam a acusação de transgressor do sábado proveniente desses rabinos, não sustentam também a incriminação de blasfêmia que igualmente partiram deles?
Estes três fatores são ignorados porque revelam as falsidades atribuídas a Jesus e a Sua observância sabática. O apóstolo João ao descrever o episódio em pauta não afirmou que Jesus violava o sábado e que era enganosa a Sua relação com Deus, mas, relatou os repugnantes argumentos que os judeus apresentavam para matá-Lo. As mesmas acusações citadas em João 5:18 foram antecipadamente planejadas e apresentadas no sinédrio.2

"Então os judeus passaram a perseguir Jesus, porque Ele estava fazendo essas coisas no sábado." (João 5:16 NVI). Nenhuma das "coisas" praticadas por Jesus eram contrárias à observância sabática, visto que Ele dedicava-Se aos sábados exclusivamente para ensinar as Escrituras Sagradas e, socorrer física e espiritualmente os necessitados(b); muitas viagens foram realizadas para levar cura e esperança de vida aos pecadores. Seriam estas as "coisas" que Jesus deveria evitar nas horas sabáticas? Ao pratica-las transgrediu o quarto mandamento? De forma alguma. Não existe nenhum preceito bíblico que condene estas atividades aos sábados, pelo contrário, contra elas não há lei (Gálatas 5:22-23 cf. Isaías 58:13-14). Adiante, as verdades sobre João 5:16-18, que são fortemente desprezadas por serem "mais afiadas que qualquer espada de dois gumes" e capazes de "julgar os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4:12-13).

Perseguição

Os líderes da nação de Israel tentaram anular a grande influência de Cristo diversas vezes e falharam. Então resolveram procurar algo que lhes permitissem condená-Lo a morte, e para isso espionavam e interrogavam-No intensamente (Lucas 6:6-7Lucas 11:53-54). As investidas para censurá-Lo publicamente tinha o intuito de eliminar Sua autoridade e prestígio diante do povo (Mateus 4:23-25Lucas 4:14); inúmeros planos foram maquinados para colocar a nação de Israel contra Ele. E ao concluírem que seus ataques não tinham base bíblica e apoio popular, mais ferozmente almejavam matá-Lo.

Naquela ocasião os rabinos já tinham amplas provas de que Cristo era o Messias prometido por Deus, pois conheciam: a visão do sacerdote Zacarias (Lucas 1:5-20 cf. Mateus 3:1-8); a chegada dos magos em Jerusalém (Mateus 2:1-6); o anúncio de Seu nascimento feito aos pastores (Lucas 2:8-18); Suas arguições sobre as Escrituras no templo aos 12 anos (Lucas 2:42-47); a declaração de João Batista confirmando que Ele era o Cordeiro de Deus (João 1:19-30); a justiça e milagres divinos que manifestavam-se em Sua vida (Mateus 12:18 cf. Isaías 42:1Lucas 6:17-19); e, as profecias que apontavam-No como o Ungido de Deus (Isaías 7:13-14Isaías 40:1-3Miqueias 5:2).

"Levanta-te, toma o teu leito e anda"
O ex-paralítico foi repreendido por ter levado o seu leito no sábado mas não foi castigado, a prioridade era matar a Jesus, o Autor do milagre (João 5:8-10). O imenso ódio dos escribas e fariseus era motivado tanto pela cura quanto pela ordem de carregar o leito no sábado, visto que estes atos contrariavam severamente a crença que defendiam. Esses rabinos além de não reconhecerem a Jesus como Filho de Deus e repudiarem Seus ensinos, tinham suas próprias leis que condenavam o Seu comportamento. Alicerçados nelas, eles restringiam de forma injustificável inúmeros procedimentos aos sábados, diversos métodos de tratar os enfermos eram proibidos; inúmeras regras de conduta tinham que ser obedecidas durante as horas sabáticas segundo as exigências rabínicas. Os propósitos do sábado foram completamente desvirtuados pelos fanáticos líderes da nação israelita.

Para se ter uma ideia das insanas acusações contra Jesus, a "Mishnah"(c), que contém interpretações, decisões judiciais, costumes e ritos religiosos organizados em 63 tratados, apresenta doze destes para lidar com as liturgias, tradições e proibições vinculadas às festividades e períodos de santa convocação, como o sábado; e o povo era obrigado a obedecê-los sistematicamente.3 Sobre essa obra literária, o missionário metodista David Hill declara: "O legalismo e a meticulosidade do judaísmo sobre o sábado podem ser analisados no Mišna Tractate Šabbat."4 E o ministro presbiteriano Thomas Walter Manson afirma que Jesus procedeu para salvar o judaísmo de si mesmo, dos numerosos temas sabáticos, tornando o sábado uma alegria (e, presumivelmente, salvou o judaísmo de seu legalismo e meticulosidade).5

A "Mishnah" traz uma lista de 39 categorias de atividades que não deveriam ser realizadas aos sábados. Outras obras como o "Livro dos Jubileus" e "Documentos de Damasco" também se dispuseram a discorrer sobre as coisas permitidas e proibidas nas horas sabáticas, nelas existem diretrizes peculiares que não se repetem em outras literaturas judias. No geral, existem 70 discussões prescrevendo severas regras de conduta que deveria ser adotadas durante o sábado.67 Adiante, alguns exemplos dessas orientações que ocasionaram os atritos entre Jesus e os fariseus:
Quanto ao transporte de carga aos sábados (cf. João 5:8-10): carregar um pão de grande dimensão em público era proibido, porém com ajuda de outra pessoa era permitido; carregar algo nos ombros era proibido, mas permitia-se transportá-lo no dorso da mão, no pé, na orelha, no cotovelo, ou seja, não seria culpado se carregasse tal objeto de maneira incomum; uma cama ou maca poderia ser transportada caso houvesse uma pessoa viva nela, porque a cama não era um objeto intrínseco a pessoa.
Quanto a cura aos sábados (cf. João 5:15-16): era proibido o tratamento de doenças em fase crônica, mas permitia-se tratar aquelas em estado agudo; proibia-se procedimentos de cura da pele como a raspagem (limpeza); era proibido jogar (por si mesmo) água fria sobre a mão e/ou pé deslocado, mas havia permissão para submeter a parte lesionada em água corrente; era proibido submeter um dente ao contato com o vinagre por motivo de dor, mas, poderia fazê-lo se o motivo era degustação ou alimentação; a região lombar, dolorida, não poderia ser submetida ao vinho ou vinagre, mas, era permitido ungir com óleo, deste que este não fosse originado de rosas.
Os escribas e fariseus defendiam ardorosamente estas e outras regras de mesma espécie, e se baseavam nelas para acusar a Cristo de transgressor do sábado. Diante disso, era inevitável o confronto entre eles e Cristo, que prontamente combatia às diversas orientações sem sentido difundidas pelos Seus oponentes. A obediência do ex-paralítico à ordem, "levanta-te, toma o teu leito, e anda" (João 5:8), denunciava publicamente a inutilidade e os transtornos que as tradições rabínicas acarretavam na santificação do sábado. Lembrando que o "leito" (a cama) em questão era formado por um tapete e um cobertor, os quais podiam ser facilmente dobrados e carregados.

Em outro episódio, Jesus umedeceu a terra com Sua saliva e passou nos olhos de um cego para posteriormente ordenar que ele os lavasse (João capítulo 9). Jesus poderia tão somente ter curado-o sem proceder desta maneira, porém aproveitou a ocasião para expor novamente as regras rabínicas que não proporcionavam nenhum benefício no dia de sábado e, consequentemente, sem proveito algum para o homem. Interessante observar ainda que, tanto o paralítico de Betesda quanto o homem cego de nascença possuíam patologias crônicas. Mas prossigamos com outras duas ocasiões em que houve fortes divergências entre os ensinos de Jesus e as tradições defendidas pelas leis judias.

Profanação do sábado sem culpa?
"Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os Seus discípulos com fome, entraram(d) a colher espigas e a comer. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-Lhe: 'Eis que os Teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado'. Mas Jesus lhes disse:
'Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? (...)" (Mateus 12:1-5 RA).
A acusação dos fariseus registrada em Mateus 12:2 esta alicerçada nas regras rabínicas que proíbem aos sábados, independente do motivo, colher qualquer parte de uma planta e joeirar (separar o grão, por exemplo, de trigo ou cevada).8 Estas radicais proibições negligenciam diretamente um dos princípios básicos da observância sabática: promover a bondade e a misericórdia. O sábado não foi instituído para ser um obstáculo ao suprimento das necessidades básicas das criaturas, tais como o bem-estar e a manutenção da vida; mas, para ser um período especial de consagração a Deus livre das atividades seculares (Neemias 13:15-22 cf. Atos 16:13).

E, fundamentado neste princípio da observância sabática, Jesus citou o exemplo de Davi que comeu os pães da proposição, considerados santíssimos e restritos aos sacerdotes (Mateus 12:3-4 cf. I Samuel 21:1-6Levítico 24:5-9). A analogia feita por Jesus, entre a atitude dos discípulos e Davi, estabelece o seguinte questionamento: se os pães destinados para o uso santo foram concedidos a Davi para saciar a sua fome, por que os discípulos não poderiam utilizar o período santo do sábado para colherem grãos com o mesmo objetivo?

Ademais, Davi e seu exército não podiam sequer tocar nos pães santos, restrição que não era aplicada aos grãos durante o santo dia de sábado. Deve-se observar também que, o caso de Davi contrariou diretamente regras específicas da lei de Moisés, enquanto que a atitude dos discípulos contrariou regras rabínicas sem valor algum para Deus. De qualquer forma, tanto o pão sagrado da proposição, quanto o tempo sagrado do sábado foram usados para suprir a necessidade humana (cf. Marcos 2:27).

E para expor ainda mais a presunção farisaica, Jesus mencionou as diversas atividades que os sacerdotes exerciam no templo, sobretudo aos sábados quando os serviços eram dobrados (Números 28:1-10). A pergunta em Mateus 12:5 não é uma alusão de que os sacerdotes transgrediam o sábado, o intuito do questionamento de Jesus foi despertar a mente dos fariseus para a seguinte situação: se os discípulos eram culpados de transgressão do sábado pela simples atitude de colher alguns grãos para saciar a fome, o que dizer dos diversos trabalhos sacerdotais realizados também neste dia?

A colheita realizada pelos discípulos e os serviços sacerdotais não violaram o sábado, pois os sacerdotes exerciam no templo trabalhos de natureza santa que atendiam aos propósitos da observância sabática ao suprir necessidades espirituais, como direcionar o pecador ao perdão e a salvação de Deus. Igualmente, os discípulos atuando com Cristo, que é "maior que o templo" (Mateus 12:6), não transgrediram o sábado ao fazer a colheita dos grãos para se alimentarem, pois esta atitude atendia uma necessidade básica deles enquanto trabalhavam ao lado de Cristo em favor da salvação do homem (João 5:17). Soma-se a isso o fato de não haver nenhuma proibição direta ou indireta ao procedimento dos discípulos, pelo contrário, além de beneficiados pelo quarto mandamento da lei de Deus, eles também foram favorecidos por regras específicas da lei de Moisés: "Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua lavoura, nem ajuntem as espigas caídas da sua colheita. Deixem-nas para o necessitado e para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês." (Levítico 23:22 NVI cf. Deuteronômio 24:19). "Se entrarem na plantação de trigo do seu próximo, poderão apanhar espigas com as mãos, mas nunca usem foice para ceifar o trigo do seu próximo." (Deuteronômio 23:25 NVI).

O ensino transmitido em Mateus 12:1-8 demonstra que o sábado não prevalece sobre as necessidades primárias da humanidade mas, que ele caracteriza-se por ser um tempo especial de Deus destinado a promover benefícios ao homem (Mateus 12:12 cf.Isaías 56:1-8). O sábado é um período em que o auxílio ao próximo deve ser exercido de acordo com as palavras de Cristo: "Desejo misericórdia, não sacrifícios." (Mateus 12:7 NVI). Nesta questão, os fariseus ao contemplarem a carência alimentar dos discípulos renegaram, também, uma prática comum entre os judeus: na sexta-feira costumava-se preparar uma determinada porção adicional de refeição para atender uma visita ou um eventual convite no sábado, era uma hospitalidade bem conhecida.9No entanto, os fariseus optaram em manter o orgulho e satisfazer suas pífias regras do que conceder auxílio ao próximo. Vergonhosamente praticaram o comportamento obscuro da parábola do "bom samaritano" (Lucas 10:25-37).

"É lícito curar no sábado?"
"Achava-se ali um homem que tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-Lo, perguntaram a Jesus: 'É lícito curar no sábado?' Ao que lhes respondeu: 'Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem'." (Mateus 12:10-12 RA).
Jesus além de demonstrar que era lícito curar no sábado, expôs a violação que os rabinos cometiam contra a própria lei deles que dizia: "(...) se um animal cair no fosso ou na vala, não se deve removê-lo no sábado."10 Jesus após questioná-los sobre esta regra, um silêncio desconcertante se fez presente. Ele sabia que Seus adversários não seguiam-na, e que tampouco fazia parte das Escrituras. Enquanto falsamente incriminavam o próximo a respeito do sábado, eram eles que verdadeiramente transgrediam o quarto mandamento; além de violarem suas próprias normas fúteis. Os escribas e fariseus não podiam apresentar pela Bíblia nenhum preceito que proibisse o auxílio que Jesus concedia aos enfermos nos sábados, apenas valiam-se de textos alheios à ela para embasar suas convicções.

Considerações Finais
A vida de Jesus neste mundo foi irrepreensível, Ele desenvolveu e demonstrou caráter íntegro em cada ação que realizava. Seu inigualável elo com Deus e Sua inquestionável fidelidade com a lei eram letais para aqueles que O perseguiam (João 15:10 cf. I João 2:4). Inutilmente, "os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-Lo à morte, mas não encontravam nenhum. Muitos testemunharam falsamente contra Ele, mas as declarações deles não eram coerentes." (Marcos 14:55-56 NVI). Em contrapartida, o profeta Isaías já havia verdadeiramente testemunhado o comportamento reprovável dos opositores de Cristo:
"O Senhor disse: 'Visto que este povo se aproxima de Mim e com a sua boca e com os seus lábios Me honra, mas o seu coração está longe de Mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá'." (Isaías 29:13-14 RA).
E o próprio Cristo revelou o cumprimento da referida profecia:
"(...) Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: 'Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. E em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.' Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. (...) Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição." (Marcos 7:6-9 RA).
E como mencionado no início deste estudo, esses hipócritas e fanáticos rabinos possuem seguidores fiéis nos dias atuais, seus pupilos dão sequência às falsas acusações contra Cristo, "dia e noite" (Apocalipse 12:10Apocalipse 12:17João 8:44).


Vídeo relacionado: O Sétimo Dia - Estudo 03
a. Indivíduos que rejeitam os padrões de conduta determinados pela lei de Deus; aqueles que defendem que o comportamento humano não deve se subordinar às regras de uma lei, sobretudo as divinas.
c. Obra judia e parte do Talmude. A Mishnah não propõem criar novas leis, mas relatar os costumes e juízos judaicos. Nela há questões da época de Jesus e da era pós-Templo, período que iniciou com a destruição do templo de Jerusalém em 70 d.C.
d. Os adversários do sábado valem-se do verbo "entrar", utilizado indevidamente pela versão "João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada" (RA): "entraram a colher espigas", para capciosamente alegarem que os discípulos realizaram serviço braçal para abrir caminho pelo interior das searas e, assim, facilitar o trajeto de Jesus. Esta vil alegação é facilmente desfeita pelos seguintes fatos: 1. A flexão verbal "entraram" usada pela "RA" é uma tradução extremamente equivocada do verbo grego "archomai", que significa: começar, iniciar; proceder do começo; ser o primeiro a realizar algo; ser o principal em algo. E há diversas versões bíblicas que mantêm o sentido original de Mateus 12:1 ao traduzir corretamente o termo "archomai"; por exemplo: "Naquela ocasião Jesus passou pelas lavouras de cereal no sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram [archomai] a colher espigas para comê-las." (Nova Versão Internacional, 2001); "En aquel tiempo iba Jesús por los sembrados en un día de reposo; y Sus discípulos tuvieron hambre, y comenzaron [archomai] a arrancar espigas y a comer." (Reina Valera, 1960); "At that season Jesus went on the sabbath day through the grainfields; and His disciples were hungry and began [archomai] to pluck ears and to eat." (American Standard Version, 1901). 2. O texto afirma que os discípulos começaram a colher espigas e delas alimentaram-se motivados pela fome, e para isso utilizaram tão somente as mãos pois a eles era proibido o uso de qualquer ferramenta, o que intensifica a inviabilidade de abrir estradas pelos campos de cereal (searas): "Se entrarem na plantação de trigo do seu próximo, poderão apanhar espigas com as mãos, mas nunca usem foice para ceifar o trigo do seu próximo." (Deuteronômio 23:25 NVI). Além de desconhecerem estas informações, será que os rivais do quarto mandamento imaginam que os discípulos pregavam o evangelho munidos de instrumento(s) de colheita, especialmente aos sábados? 3. O terceiro motivo que desmente os opositores do sábado reside no fato de que, se os discípulos tivessem adentrado as searas para construir rotas de passagem, fatalmente seriam indiciados por invasão e destruição de propriedade privada (Deuteronômio 23:25 cf. Êxodo 22:5-6).
1. Romanos 3:20; Romanos 7:7; Romanos 4:15; Tiago 2:8-13; I João 3:4.
2. Marcos 3:1-6 cf. Lucas 11:53-54; João 9:16; Marcos 14:60-64.
3. "Mishna". (2010). Encyclopædia Britannica, Chicago: Encyclopædia Britannica; COHN-SHERBOK, D. (2003). Judaism: History, Belief and Practice, New York: Routledge, p. 399, 495; GERSH, H. (1984). Mishnah: The Oral Law, New Jersey: Behrman House Inc., p. 7-8.
4. HILL, D. (1972). The Gospel of Matthew, Grand Rapids: Eerdmans, p. 209.
5. MANSON, T. W. The sayings of Jesus: as recorded in the Gospels according to St. Matthew and St. Luke, London: SCM Press, 1949.
6. SALDARINI, A. J. (1997). Comparing the Traditions: New Testament and Rabbinic Literature. In: Bulletin for Biblical Research 7, (Institute for Biblical Research), p. 197-199; Lawrence Schiffman, The Halakhah at Qumran, Leiden: Brill, 1975.
7. NEUSNER, J. (1981). Judaism: The Evidence of the Mishnah, Chicago: University of Chicago Press, p. 55-59.
8Babylonian Talmud: Tractate Shabbath, folio 73; Mishnah: Tractate Shabbat, 7:3, 7:6.
9. "Sabbath". (1906). The Jewish Encyclopedia, vol. X, New York, N.Y.: KTAV Publishing House, Inc., p. 594b (Friday Prepatation).
10Damascus Document, col. 11:13b-14a. Too in: 4Q256, fragment 6, lines 5-6.


sábado, 19 de julho de 2014

O Sábado no Novo Testamento

Vários pretextos, inclusive difamatórios, são usados na tentativa de evitar a observância sabática exigida pela lei de Deus, entre eles: "O quarto mandamento não encontra-se no Novo Testamento", "Jesus e Seus discípulos violaram o sábado", "Cristo aboliu o sábado na cruz do Calvário" e, "o sábado é destinado apenas aos judeus". Estas alegações além de serem destituídas de fundamento bíblico, classificam diretamente Jesus de pecador ao incrimina-Lo de transgressor da lei.1 Tais pretextos demonstram ainda a desobediência hostil daqueles que realmente transgridem a lei e procuram justificar o próprio desrespeito à ela através de levianas acusações.

A ingênua ideia de que o sábado não deve ser observado porque o quarto mandamento não foi transcrito para o Novo Testamento, deveria ser aplicada também aos seguintes preceitos: "Não terás outros deuses diante de Mim." (Êxodo 20:3 RA); "não farás para ti imagem de escultura (...) não as adorarás, nem lhes darás culto (...)" (Êxodo 20:4-6 RA); "não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão (...)" (Êxodo 20:7 RA). Estes três preceitos da lei de Deus também não foram transcritos para o Novo Testamento. Portanto, aqueles que sustentam a ideia citada, deveriam igualmente eliminá-los de suas vidas. Porém, será que tais pessoas procedem fielmente com o argumento que defendem?

O Novo Testamento não contém várias normas de conduta essenciais à vida cristã presentes no Velho Testamento, tais como aquelas encontradas em Levítico 18:6-24Levítico 19:28Deuteronômio 18:10-12Deuteronômio 22:5; e etc. No entanto, isso jamais foi justificativa para negligencia-las. O Novo Testamento não foi idealizado para ser uma cópia exata do Velho Testamento, mas, uma extensão de seus ensinos. Quando Jesus declarou: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim" (João 5:39 RA), Ele referia-se ao Velho Testamento, pois o início da redação do Novo Testamento ocorreu 31 anos após a Sua ascensão ao Céu, sendo concluída 66 anos depois. Os primeiros cristãos, que eram judeus, tinham como fonte de aprendizado o Antigo Testamento e os ensinos transmitidos diretamente por Cristo, e nestes ensinos não existe absolutamente nada sobre a revogação do sábado.

Jesus e o sábado
Jesus ao mencionar a destruição de Jerusalém (que ocorreu aproximadamente 40 anos após a Sua ressurreição), alertou os Seus seguidores dizendo: "Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado." (Mateus 24:20 RA). Ora, se o quarto mandamento iria ser eliminado na cruz do Calvário, por que Jesus alertou quanto a sua observância em meio a um acontecimento futuro, ainda mais sobre condições extremamente severas? Por que os cristãos deveriam orar para que a fuga não ocorresse no sábado?

Porque o tumulto, o medo e o percurso de fuga previstos para acontecer durante a destruição de Jerusalém comprometeriam a santificação do dia de sábado, por isso os cristãos deveriam orar para que pudessem guardá-lo de acordo com as orientações de Deus. Cristo se preocupou também com a temporada fria e chuvosa do inverno, pois tais condições tornariam a escapatória ainda mais complicada ao intensificar: as dificuldades para atravessar o rio Jordão; as chances de contrair doenças e, o transtorno para encontrar alimentação e alojamento. Portanto, 40 anos após a ressurreição de Jesus, o sábado continuou tão sagrado como nos dias em que Ele proferiu as palavras de Mateus 24:20. E esta orientação em benefício da guarda do sábado faz parte do sermão ocorrido no monte das Oliveiras (Mateus capítulo 24), ocasião em que foram profetizados os últimos eventos deste mundo.

Jesus fez ainda a seguinte declaração em favor da observância sabática: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado." (Marcos 2:27-28 NVI). Jesus proferiu estas palavras após concluir a defensa de Seus discípulos que estavam sendo acusados de transgressores do sábado pelos fariseus. Em diversas ocasiões, Jesus, o Autor e Senhor do sábado (João 1:1-3), demonstrou os verdadeiros princípios que regem o comportamento nas horas sabáticas, desvencilhando-o das excessivas e errantes regras de meros mortais pecadores.

Os diversos requisitos dos fariseus para a observância do sábado se baseava no conceito de que, à vista de Deus, o sábado era mais importante do que o próprio homem. De acordo com o raciocínio desses cegos expositores da lei divina, o homem foi feito para o sábado. Muitos judeus conduziam-se mecanicamente(a) durante o sábado fundamentados em severas e insensatas tradições destituídas de qualquer sentido, e isso ocasionou inúmeros atritos com os ensinos de Jesus.2

Deus não criou o homem no sexto dia porque precisava que alguém guardasse o sábado que seria instituído no sétimo dia, mas o onisciente Criador sabia que o homem, especialmente após a entrada do pecado neste mundo, precisaria de um tempo especial para o seu crescimento moral e espiritual, que ele necessitaria de um tempo no qual os seus interesses diários fossem sobrepujados por uma consagração mais intensa ao Criador (Isaías 58:13-14 cf. Atos 16:13). E o sétimo dia da semana foi escolhido por Deus para suprir estas necessidades. O sábado foi designado para o bem-estar da humanidade, não como um objeto de tradições de homens (cf. Marcos 7:7-9).

Apesar disso, alguns na ânsia de se livrar a todo custo do sábado, alegam que em Marcos 2:27, Cristo referia-se apenas aos judeus. Contudo, o próprio verso em questão pulveriza este falso argumento ao utilizar a palavra "homem" proveniente do grego "anthropos"(b), e que abrange a homens, mulheres e crianças, isto é, inclui qualquer ser humano. Deve-se ressaltar ainda que o sábado foi estabelecido na semana da criação, muito tempo antes da existência dos judeus. Outro detalhe digno de nota, quando Marcos 2:27 é comparado com Isaías 56:2, observa-se que ambos comunicam o mesmo ensino: o sábado foi instituído para toda a humanidade, sem qualquer distinção (cf. Isaías 56:6-8Eclesiastes 12:16-14).

Durante a Sua jornada na Terra, Jesus não manifestou nenhum desrespeito ao quarto mandamento(c). Ele nunca Se defendeu das acusações rabínicas afirmando que o sábado iria ser anulado por Seu intermédio. Ele conviveu com Seus discípulos ainda por 40 dias logo após a Sua ressurreição, antes de subir ao Céu, e nada foi dito sobre a anulação do sábado, tampouco mencionou que as suas prerrogativas divinas haviam sido transferidas para o domingo(d).

Reuniões sabáticas no Novo Testamento3
O Novo Testamento contém várias referências que demonstram o ensino e a prática da observância sabática na vida de Cristo e de Seus discípulos, ao todo estão registradas 90 reuniões religiosas no sábado de acordo com o quarto mandamento. Adiante estas reuniões com seus respectivos comentários históricos.

"Ele [Jesus] foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era Seu costume. E levantou-Se para ler." (Lucas 4:16 NVI).
Local e Data: Nazaré, 28 d.C.
Número de Reuniões: 01
Histórico: Jesus participava dos serviços de adoração aos sábados pois este era o "Seu costume". Ele não procedia desta maneira por ser judeu, mas por fidelidade e amor aos mandamentos de Deus (João 15:10 cf. Lucas 16:17). Da mesma forma, a Sua participação nas reuniões sabáticas não era com o intuito de agradar outros judeus, visto que os desagradou bastante ao Se revelar como o Messias. Isso proporcionou inclusive a Sua expulsão da sinagoga e quase O atiraram ao precipício (Lucas 4:28-30 cf. Lucas 22:66-68). Jesus "veio para o que era Seu, mas os Seus não o receberam." (João 1:11 NVI cf.Isaías 53:3).

"Então Ele [Jesus] desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e, no sábado, começou a ensinar o povo. Todos ficavam maravilhados com o Seu ensino, porque falava com autoridade. (...) E a Sua fama se espalhava por toda a região circunvizinha." (Lucas 4:31-37NVI cf. Marcos 1:21).
Local e Data: Cafarnaum, 28 d.C.
Número de Reuniões: 01
Histórico: Jesus dedicava exclusivamente o dia de sábado para ensinar as Escrituras e curar os enfermos. É inegável que nas horas sabáticas, Ele empregava o Seu tempo de forma preponderante para auxiliar as pessoas nas questões físicas e espirituais. Em momento algum os quatro Evangelhos descrevem Jesus desempenhando qualquer atividade secular aos sábados, como por exemplo, o ofício de carpinteiro (Marcos 6:3).

"Noutro sábado, Ele entrou na sinagoga e começou a ensinar; estava ali um homem cuja mão direita era atrofiada. Os fariseus e os mestres da lei estavam procurando um motivo para acusar Jesus; por isso O observavam atentamente, para ver se Ele iria curá-lo no sábado." (Lucas 6:6-7 NVI cf. Mateus 12:9-14Marcos 3:1-6).
Local e Data: Cafarnaum, 28 d.C.
Número de Reuniões: 01
Histórico: Jesus novamente, no sábado, é relatado ensinando as Sagradas Escrituras e proporcionando a cura física aos necessitados, demonstrando por meio de palavras e atitudes o contínuo trabalho de Deus em favor da humanidade (cf. João 5:15-17). O contexto de Lucas 6:6-7 descreve mais uma ocasião em que Jesus esclareceu ao povo o que é lícito se fazer aos sábados, constrangendo os fariseus que mantinham distorcidos ensinos sobre a observância sabática. E por causa de Seu proceder, "os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-Lo à morte, mas não encontravam nenhum. Muitos testemunharam falsamente contra Ele, mas as declarações deles não eram coerentes." (Marcos 14:55-56 NVI).

"Era o dia da Preparação, e estava para começar o sábado. As mulheres que haviam acompanhado Jesus desde a Galileia, seguiram José, e viram o sepulcro, e como o corpo de Jesus fora colocado nele. Em seguida, foram para casa e prepararam perfumes e especiarias aromáticas. E descansaram no sábado, em obediência ao mandamento." (Lucas 23:54-56 NVI).
Local e Data: Jerusalém, 31 d.C.
Número de Reuniões: 01
Histórico: O "dia da Preparação" que a Bíblia refere-se é a sexta-feira e, aproximava-se o pôr do sol que precede o sábado. As santas mulheres seguidoras de Cristo, inclusive a Sua mãe, respeitosamente guardaram o sábado em "obediência ao mandamento" (cf. Êxodo 20:8-11). Este foi o primeiro sábado após a crucificação de Jesus, o primeiro sábado da nova aliança. Apesar do sofrimento inigualável elas permaneceram fiéis ao mandamento da lei de Deus, obedeceram ao ensino e exemplo do Messias recém assassinado (Mateus 5:17-19Lucas 16:17 cf. Mateus 19:16-19). Esses acontecimentos ocorreram em 31 d.C., mas Lucas os registrou após 33 anos, em 64 d.C. Três décadas depois ele destaca esta observância sabática sem nenhuma palavra de advertência, nada foi dito quanto a revogação do sábado pelo sacrifício de Jesus na cruz do Calvário; não existe coisa alguma que favoreça a suposta mudança do sábado para o domingo(e). Todavia, centralizando o texto de Lucas 23:54-56 na presente temática deste estudo, é incontestável que a citada observância do sábado foi em obediência ao quarto mandamento do Decálogo.

"Quando Paulo e Barnabé estavam saindo da sinagoga, o povo os convidou a falar mais a respeito dessas coisas no sábado seguinte. Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra do Senhor. Quando os judeus viram a multidão, ficaram cheios de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo estava dizendo." (Atos 13:42-45 NVI).
Local e Data: Antioquia, 45 d.C.
Número de Reuniões: 02
Histórico: O evangelho foi ensinado em vários lugares pelos discípulos de Jesus, numerosas multidões ouviam a Palavra de Deus e cidades inteiras eram repreendidas e instruídas. Isso pode ser comprovado pela expressão "quase toda a cidade" (verso 44), que relata a presença de muitos gentios na ocasião em que Paulo e Barnabé pregavam em Antioquia, o que contrasta com os poucos judeus que se opuseram à mensagem (verso 45). E é evidente que a sinagoga onde ocorreu a reunião no "sábado anterior" (verso 42), não podia conter por motivo de espaço, a multidão reunida no "sábado seguinte" (verso 44). Isso obrigou os ouvintes a se acomodarem ao ar livre, enquanto os apóstolos falavam dentro da sinagoga. Estas duas reuniões sabáticas ocorreram 14 anos após a ressurreição de Jesus, e nenhuma mudança sobre o dia de repouso instituído no sétimo dia da semana é mencionada (Gênesis 2:1-3Êxodo 20:8-11). Interessante observar também a recomendação de Paulo, "continuem na graça de Deus" (verso 43), para aqueles que aceitaram a Cristo e, ao mesmo tempo guardavam o sábado do Decálogo, uma clara demonstração da harmonia entre a lei e a graça(f). Se houvesse algum conflito nesta questão os apóstolos prontamente os teriam instruídos, igualmente teriam deixado em seus escritos algo a este respeito para as futuras gerações da igreja.

"No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que haviam se reunido ali." (Atos 16:13 NVI).
Local e Data: Filipos, 53 d.C.
Número de Reuniões: 01
Histórico: Esta descrição bíblica anula simultaneamente três alegações dos opositores da observância sabática: "que o sábado é algo circunscrito ao território de Israel"; "que a observância sabática depende de uma sinagoga"; e, "que Paulo não guardava o sábado, mas utilizava este dia apenas para se reunir com os judeus". Estas três estapafúrdias mentiras são refutadas facilmente em Atos 16:13, pois este verso descreve Paulo, Silas, Timóteo e Lucas na cidade de Filipos, situada na Grécia mas na época sob jurisdição romana. Observando que esta cidade era desconhecida pelos apóstolos. Após alguns dias em Filipos, havia chegado o sábado, e prontamente eles buscaram uma sinagoga para realizar o culto a Deus, mas não encontraram. Porém, foram informados da existência de um lugar ao ar livre na orla do rio Gangites, onde poderiam realizar sua reunião sabática. Então, saíram da cidade ao encontro deste propício local para: estudar as Escrituras, louvar e orar ao Criador. Ali, eles encontraram algumas mulheres e pregaram o evangelho para elas. E Lídia, uma das presentes, após aceitar os ensinos transmitidos foi batizada (Atos 16:14-15). Assim, os discípulos de Jesus demonstraram um excelente exemplo de obediência ao quarto mandamento da lei de Deus.

"Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica. Segundo o seu costume, Paulo foi à sinagoga e por três sábados discutiu com eles com base nas Escrituras, explicando e provando que o Cristo deveria sofrer e ressuscitar dentre os mortos. E dizia: 'Este Jesus que lhes proclamo é o Cristo'." (Atos 17:1-3 NVI).
Local e Data: Tessalônica, 53 d.C.
Número de Reuniões: 03
Histórico: Tessalônica, localizada na Grécia, foi capital da província romana de Macedônia e um importante centro de comércio que atraiu um número significativo de judeus. Estes desfrutavam de liberdade religiosa e puderam construir seu próprio lugar de culto. No intervalo entre os sábados, Paulo trabalhava na produção de tendas, e o fato dele pregar por três sábados consecutivos mostra o respeito que tinha pelo quarto mandamento e a responsabilidade que mantinha com o evangelho. Ele transmitia os ensinos de Cristo não "somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção" (I Tessalonicenses 1:5 NVI). E como resultado, não se salvaram somente judeus e prosélitos, mas muitos gentios rejeitaram seus ídolos e passaram a seguir a Deus. E, assim como Paulo foi um imitador de Jesus quanto a observância sabática (Lucas 4:16 cf. Atos 17:2I Coríntios 4:16), igualmente foram os cristãos de Tessalônica: "De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor" (I Tessalonicenses 1:6NVI). Estas coisas foram relatadas 22 anos após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, e também neste caso não há registro de que os apóstolos guardaram o domingo, ou, que o sábado foi extinto.

"Depois disso Paulo saiu de Atenas e foi para Corinto. Ali, encontrou um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, que havia chegado recentemente da Itália com Priscila, sua mulher, pois Cláudio havia ordenado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo foi vê-los e, uma vez que tinham a mesma profissão, ficou morando e trabalhando com eles, pois eram fabricantes de tendas.Todos os sábados ele debatia na sinagoga, e convencia judeus e gregos. (...) Assim, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a Palavra de Deus." (Atos 18:1-11 NVI).
Local e Data: Corinto, 54 d.C.
Número de Reuniões: 78
Histórico: Primeiramente as seguintes informações devem ser consideradas: Paulo pregava aos judeus e gregos (gentios) todos os sábados (verso 4), e permaneceu na cidade de Corinto um ano e seis meses (verso 11); neste período transcorreram 78 sábados e, em todos, Paulo se reservou exclusivamente para ensinar o evangelho. Seu ofício era produzir tendas, mas no sétimo dia da semana ausentava-se desta atividade para cumprir o quarto mandamento que lhe concede trabalhar de domingo a sexta e, lhe exigi santificação do sábado para os propósitos de Deus. Com base nos relatos bíblicos, estes acontecimentos ocorreram 24 anos após a ressurreição de Jesus e nada referente a mudança do dia de sábado, ou, algo sobre a sua abolição foi apresentada. Paulo, ao dialogar sobre as Escrituras com os judeus, não se envolveu em nenhum conflito vinculado a observância do dia de sábado, e o mesmo ocorreu com os gentios. Observa-se também que nessa época não existia dois dias de guarda, sendo o sábado para os judeus e o domingo para os gentios; ao contrário, ambos os grupos tinham o sábado como o único dia santo reservado exclusivamente para estudar as Escrituras e adorar Deus. É dito claramente que Paulo "todos os sábados debatia na sinagoga, e convencia judeus e gregos" (Atos 18:4). Não existe nenhum relato afirmando que ele os gentios se reuniam aos domingos à exemplo das reuniões sabáticas. Ao longo de todo o Novo Testamento, não há nenhuma referência que demonstre Cristo e Seus discípulos contrariando o sábado, ou ensinando que os gentios estavam livres para transgredi-lo.


Vídeo relacionado: O Quarto Mandamento
a. Guardar o sábado não consiste meramente em abster-se de certos afazeres do cotidiano, este simplório procedimento desvirtua por completo o propósito da observância sabática, e fatalmente conduzirá a ilusória justificação baseada em obras. Embora seja necessário o findar de determinadas atividades e assuntos nos diálogos aos sábados, isso não deve ser feito com o intuito de obter o favor de Deus, o foco principal destas atitudes dever ser reservar os pensamentos para conhecer o Criador e os Seus propósitos para a criação; a mente deve está voltada exclusivamente para as coisas divinas. Esta prática desenvolverá naturalmente e de forma mais acentuada o caráter fiel e justo que Deus requer de cada um, será alcançada a personalidade exigida por Sua lei. A capacidade para servir a Deus e ao próximo será desenvolvida à semelhança de Cristo, que deixou o verdadeiro exemplo de santificação do sábado. E todo aquele que nEle se baseia auxiliado pelo Espírito Santo (Romanos 8:5-9; Hebreus 10:15-17), certamente cumprirá o quarto mandamento e receberá as bênçãos especiais reservadas no sétimo dia da semana (Isaías 56:2; Isaías 58:13-14).
bAnthropos, substantivo grego que refere-se a: um ser humano (homem ou mulher); todos os indivíduos humanos. À exemplo de Marcos 2:27, o verso de Marcos 6:44 aplica o vocábulo "anthropos" com o mesmo significado.
1. Tiago 2:8-13 cf. I João 3:4, Lucas 16:17, Mateus 5:17-19.
2. Marcos 2:23-24; Marcos 3:1-4; Lucas 13:10-17; João 5:1-18.
3. Baseado em: CHRISTIANINI, A. B. (1981). Subtilezas do Erro, 2.ª ed., São Paulo: CPB, p. 187-188.

sábado, 12 de julho de 2014

Sábados Semanais e Anuais

A maior parte dos ataques contra a lei de Deus são em decorrência do sábado descrito no quarto mandamento, e essa colossal aversão é completamente injustificável. A desinformação, acompanhada em alguns casos de fanatismo religioso, promove as inúmeras polêmicas criadas em torno da observância sabática. Na realidade, a maioria não teve a devida orientação sobre a origem e o propósito do sábado(a), fato análogo ao ocorrido com o oficial etíope (Atos 8:30-31). Outros, apesar de cientes do intuito de Deus ao estabelecer o sábado, preferem evitá-lo, pois de acordo com seus pensamentos isso acarretaria mudanças "desconfortáveis" em suas vidas; em essência, não estão dispostos a seguir algo que lhes privem de suas satisfações seculares.

Distinções sabáticas
O desconhecimento e preconceito sobre este tema é tão acentuado que muitos se surpreendem com a existência de outros sábados que diferem daquele descrito no Decálogo. Os sábados listados na Bíblia apresentam diferenças significativas que impossibilitam qualquer confusão ao classificá-los. Por exemplo, o sábado semanal citado pelo quarto mandamento, distingui-se por:
  1. Ter sido instituído após o término da criação, numa época em que não havia pecado no mundo;
  2. Estar voltado para as questões da origem e manutenção da vida;
  3. Exigir santificação do sétimo dia de cada semana para exclusiva consagração a Deus, sem liturgias mosaicas;
  4. Ser de natureza moral e estar incluído na lei de Deus, reunido entre mandamentos estritamente de princípios morais;
  5. Ter sido destinado a toda humanidade, independentemente de tempo e lugar.1
Enquanto os sábados anuais, presentes na lei mosaica, caracterizam-se por:
  1. Terem sido instituídos no monte Sinai, numa época em que o pecado se fazia presente no mundo;
  2. Estarem voltados para as questões da salvação do pecador e erradicação definitiva do mal;
  3. Exigirem santificação de períodos específicos do ano para consagração exclusiva a Deus, com liturgias mosaicas;
  4. Serem de natureza cerimonial e estarem incluídos na lei de Moisés, reunidos com vários tipos de mandamentos(b);
  5. Terem sido destinados aos israelitas e, dependerem de circunstâncias temporais e geográficas(c).2
Existe ainda um terceiro tipo de sábado destinado à terra. Este sábado, que ocorria a cada sete anos, tinha o propósito de amparar os necessitados com a produção do "sétimo ano" e, beneficiar a terra de forma similar ao que ocorre atualmente nos intervalos entre plantios (Êxodo 23:10-11 cf. Levítico 25:1-7).

E ao contrário do pensamento popular, a observância sabática instituída no Éden não é um assunto restrito ao Velho Testamento, ensinos ao seu respeito são encontrados também no Novo Testamento(d). Nos dois casos, Deus declara pessoalmente que o sábado semanal é de Sua propriedade:
"Cada um respeitará a sua mãe e o seu pai e guardará os Meus sábados. Eu sou o Senhor, vosso Deus." (Levítico 19:3 RA); "Guardareis os Meus sábados e reverenciareis o Meu santuário. Eu sou o Senhor." (Levítico 19:30 RA); "Porque assim diz o Senhor: 'Aos eunucos que guardam os Meus sábados, escolhem aquilo que Me agrada e abraçam a Minha aliança'." (Isaías 56:4 RA); "Também lhes dei os Meus sábados, para servirem de sinal entre Mim e eles, para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica." (Ezequiel 20:12 RA); "Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus. (...)" (Êxodo 20:10 RA); "Porque o Filho do homem é Senhor do sábado." (Mateus 12:8 RA); "Assim, pois, o Filho do homem é Senhor até mesmo do sábado." (Marcos 2:28 NVI).
Lembrando que os versos de Mateus 12:8 e Marcos 2:28 fazem parte das arguições de Cristo contra as acusações dos fariseus de que Ele e Seus discípulos eram transgressores do quarto mandamento(e). Nestas duas ocasiões, Ele transmitiu os verdadeiros objetivos da observância sabática do sétimo dia e afirmou que o sábado Lhe pertence (cf. João 1:1-3).

Em relação aos sábados anuais, conhecidos também como sábados cerimoniais, Deus os considerou pertencentes ao povo de Israel.3 Esta nação possuía diversos dias de festas ao longo do ano, mas alguns eram exclusivamente reservados para consagração e foram tratados como sábados. Esses dias sabáticos ocorriam em datas fixas e, devido a dinâmica do calendário de cada ano, eram celebrados em diferentes dias da semana (Levítico 23:4II Crônicas 8:12-13). Deve-se destacar ainda que, quando um sábado anual (sábado cerimonial) coincidia em ser celebrado no sétimo dia da semana (sábado semanal), ele era chamado de grande sábado (João 19:31). Adiante os dias de santa convocação regulamentados como sabáticos:
1.º sábado cerimonial: Pães Asmos (Início) - 15.º dia do mês de Nissan (Levítico 23:6-8).
2.º sábado cerimonial: Pães Asmos (Término) - 21.º dia do mês de Nissan.
3.º sábado cerimonial: Primícias - 06.º dia do mês de Sivan (Levítico 23:15-21).
4.º sábado cerimonial: Trombetas - 01.º dia do mês de Tishrei (Levítico 23:23-25).
5.º sábado cerimonial: Expiação - 10.º dia do mês de Tishrei (Levítico 23:26-32).
6.º sábado cerimonial: Tabernáculos (Início) - 15.º dia do mês de Tishrei (Levítico 23:33-36).
7.º sábado cerimonial: Tabernáculos (Término) - 21.º dia do mês de Tishrei.
A respeito destes sábados cerimoniais, a Bíblia esclarece:
"São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifício e libações, cada qual em seu dia próprio, além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor." (Levítico 23:37-38 RA). "Estas coisas oferecereis ao Senhor nas vossas festas fixas (...) (Números 29:39 RA).
Esses dias de devoção eram chamados de sábados porque as atividades do cotidiano cessavam e os israelitas se reuniam solenemente em adoração a Deus, assim como ocorre com o sábado semanal do quarto mandamento. Mas, enquanto os sábados anuais (cerimoniais) conduziam a mente da nação à providência divina para a salvação e eliminação do pecado e, recordavam momentos especiais da História de Israel, o sábado semanal direcionava os pensamentos às obras da criação, na vida originada e mantida pelo poder de Deus: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus. (...) Porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou." (Êxodo 20:8-11 RAcf. Hebreus 4:4 e 10).

"Sombra das coisas que haviam de vir"
"Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou Lua Nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo." (Colossenses 2:16-17 RA).
Estes versos são comumente deturpados para apoiar a falsa teoria de que o sábado semanal seria também um sábado cerimonial e, portando, uma "sombra" (simbologia) de Cristo concretizada na cruz do Calvário. Esta interpretação além de insinuar que Deus descansou no sétimo dia (sábado semanal, Gênesis 2:1-3) com o mesmo objetivo que os israelitas descasavam aos sábados cerimoniais, revela-se um grosseiro pretexto para, sorrateiramente, se esquivar do quarto mandamento do Decálogo.

Em Colossenses 2:16-17 demonstra-se algo completamente oposto à referida teoria, visto que estes versos destacam uma das principais diferenças entre os sábados semanais e cerimoniais: o sábado referente ao sétimo dia da semana não representa "coisas que haviam de vir" porque está vinculado a um acontecimento do passado, a criação. As obras desempenhadas por Cristo em favor da salvação da humanidade eram "as coisas que haviam de vir", e foram simbolizadas pelas cerimônias mosaicas da antiga aliança(f). As liturgias praticadas em cada sábado cerimonial, especialmente as sacrificais, transmitiram os eventos proféticos que foram cumpridos pela missão redentora de Jesus Cristo.

Deve-se observar também que o apóstolo Paulo não condenou as festividades, luas novas e sábados destinados para os judeus(g). Embora os sábados cerimoniais e seus respectivos rituais tenham representado a Cristo e Seus atos de salvação, eles continuam vinculados a História do povo de Israel, pois:
festa dos Pães Asmos recorda a boa vontade e prontidão de Deus em libertar os israelitas do Egito (Êxodo 12:33-39Deuteronômio 16:3-4);
festa das Primícias (festas das Semanas) indicava o encerramento do período da colheita e fixava a mente dos israelitas na dependência que eles tinham de Deus, como na época em que estavam no Egito (Deuteronômio 16:9-12);
festa das Trombetas marca o início do ano civil judaico e lembra os acontecimentos do ano que se encerra (Levítico 23:24-25Números 29:1-2); e,
festa dos Tabernáculos (festa das Cabanas) recorda o tempo em que o povo de Israel viveu quarenta anos em tendas (cabanas) durante a sua jornada pelo deserto (Levítico 23:42-43).
Diante disso e, baseados no contexto de Colossenses capítulo 2, nota-se claramente que Paulo (hebreu, fariseu e profundo conhecedor da lei de Moisés, Atos 22:3Atos 26:4-5Filipenses 3:4-6), não afirmou que os sábados cerimoniais eram impróprios, e tampouco que foram totalmente anulados para os judeus. Mas ensinou que os rituais e os significados messiânicos de cada um deles foram concretizados (cumprido), porque "estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo." (Colossenses 2:17 NVI cf.Hebreus 9:9-10).

Paulo orientou os cristãos gentios da igreja de Colossos a não admitir entre eles, crenças e práticas que originavam-se de tradições de homens, pois elas deturpavam tanto o real significado que a liturgia mosaica possuía, quanto os ensinos de Cristo: "Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo." (Colossenses 2:8-9 NVI cf. Tito 1:10-14). Ora, os critérios alimentares, dias de festas, luas novas e sábados citados em Colossenses 2:16 não foram criados pelo homem e muito menos são enganosos ou baseados em princípios deste mundo, visto que tais coisas foram instituídas por Deus para proporcionar benefícios; de modo algum promoveram a escravidão e o engano.

Os colossenses não eram obrigados a seguir os regimentos da lei de Moisés direcionados aos judeus(h), e tampouco aceitar ensinos perniciosos que anulavam o evangelho (Colossenses 2:18-23). Eles foram orientados ainda a não permitir que os indivíduos que disseminavam falsos ensinos os julgassem ("ninguém, pois, vos julgue", Colossenses 2:16).

"Cessarei os seus sábados"
"Farei cessar todo o seu gozo, as suas festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades." (Oséias 2:11 RA).
Este é outro verso retirado de seu contexto e associado ao falso ensino de que o sábado semanal era cerimonial e foi anulado. O capítulo 2 do livro de Oseias em momento algum transmiti tal coisa, mas discorre sobre: a idolatria dos israelitas e a repreensão que receberam(i); o afastamento de Deus por causa dos atos pecaminosos da nação de Israel (deixando-a para que recebesse os resultados de suas maléficas escolhas,versos 2-13); e, sobre a misericórdia que foi concedida novamente a ela (verso 14-23).

O texto de Oseias 2:3 quando relata: "Para que Eu não a deixe despida, e a ponha como no dia em que nasceu (...)" (RA), refere-se a condição que a nação de Israel foi submetida quando era escrava no Egito, e situação similar retornaria caso ela não abandonasse os seus pecados (haveria o retorno de seu anterior estado de debilidade). A decadência dos israelitas tinha atingido um nível tão deprimente, que eles consideraram as bênçãos concedidas por Deus, provenientes de Baal (Oseias 2:5 e 8). Então, Deus retirou a Sua proteção e demais benefícios. Esta atitude resultou no cativeiro dos israelitas pelos assírios (Oseias 2:9II Reis 17:21-23), e os seus "amantes" (outras nações) com os quais eles se corromperam não puderam ajudar (Oseias 2:7).

Em sua nova realidade, a nação de Israel não podia celebrar as festas de Lua Nova, os sábados cerimoniais, e outras festividades solenes (Oseias 2:11). Na verdade, antes do cativeiro, ela estava apenas seguindo por formalidade e superstição essas celebrações, além de as contaminar com suas práticas abomináveis. Ela encontrava-se afastada de Deus e em vão exercia as cerimônias descritas na lei de Moisés (II Reis 17:7-20 cf. Isaías 1:10-17).

Posteriormente, Deus a despertou para os Seus caminhos, a resgatou do cativeiro, auxiliou a restaurar suas plantações e, proporcionou novamente segurança em sua terra (Oseias 2:14-18). Assim, a nação israelita voltou a celebrar "as suas festas de Lua Nova, os seus sábados e todas as suas solenidades", porém, sem as antigas atitudes que a conduzira a ruína. Pode-se destacar ainda que, na época de Jesus, e após o Seu retorno ao Céu, essas comemorações continuaram sendo praticadas.4 Portanto, não existe nenhuma profecia em Oseias capítulo 2 anunciando o fim do sábado pertencente ao Decálogo, tampouco há algo nesse sentido no restante das Escrituras. Esta fictícia alegação é apenas mais uma inútil e desesperada investida contra o santo dia do Deus Criador (Isaías 58:13-14).


c. Os sábados cerimoniais dependiam de um lugar específico para que as suas respectivas liturgias fossem exercidas, e esse lugar era o santuário terrestre e seus arredores (Êxodo 25:1-9 cf. Deuteronômio 16:13-15). Posteriormente esse santuário foi substituído pelos templos, como aquele construído por Salomão (I Reis 6:38). Contudo, essas exigências litúrgicas e geográficas não se aplicam ao sábado semanal, que é santificado sem a necessidade dos rituais mosaicos e de um santuário ou templo, permitindo deste modo a sua aplicabilidade universal (Levítico 23:3; Atos 16:13).
g. Apesar das festas sabáticas terem sido destinadas para os judeus, havia a possibilidade dos gentios participarem delas (Levítico 24:22; Números 15:15-16).
i. Esta mensagem de repreensão e advertência foi destinada ao reino do norte (reino de Judá) entre 723-722 a.C.; e, após ter sido ignorada, houve a primeira invasão e prisão do povo pelos assírios.
1. Gênesis 2:1-3; Hebreus 4:4; Êxodo 20:8-11; Marcos 2:27-28 cf. Isaías 56:1-7; Neemias 13:15-18 cf. Isaías 58:13-14.
2. Levítico 23:37-38 cf. Levítico 7:37-38, Neemias 9:13-14; Ezequiel 45:16-17.
3. Levítico 23:32; Isaías 1:13-14; Lamentações 2:6; Oséias 2:11.
4. Zacarias 14:18-19; Marcos 14:12; João 2:13; João 5:1; João 7:2; João 10:22; Atos 2:1; Atos 12:4; Atos 20:16.