sábado, 29 de março de 2014

Alma: Imortal?

O pernicioso ensino de que o homem é naturalmente "imortal" teve início com Satanás no Éden quando ele declarou que a desobediência a Deus não acarretaria em morte.

Adão e Eva tinham recebido do Criador a seguinte advertência: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás." (Gênesis 2:16-17 RA). Posteriormente, Satanás contradisse este alerta afirmando: "É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal." (Gênesis 3:4-5 RA). Esta insinuação de Satanás foi a primeira declaração de que o ser humano, independente das circunstâncias, era imortal. E essa mentira tem sido considerada como verdade absoluta até os dias de hoje(a).

O relato em Gênesis capítulo 3 não centraliza-se na questão de comer ou não um respectivo fruto, mas envolve lealdade a Deus. Por meio da incredulidade e desobediência, Adão e Eva aprovaram as palavras de Satanás e caracterizaram o Criador como sendo omisso e mentiroso; demonstraram incontestável violação aos mandamentos da lei de Deus(b), e para este comportamento a sentença divina é a morte:
"Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei." (I João 3:4 RA cf. Romanos 5:13).
"A alma que pecar, essa morrerá. (...)" (Ezequiel 20:20 RA). "Porque o salário do pecado é a morte (...)" (Romanos 6:23 RA).
"Portanto (...) a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram." (Romanos 5:12 RA).
"Pois tu és pó e ao pó tornarás" (Gênesis 3:19 BJ); este é o destino pronunciado a toda alma pecadora (Ezequiel 18:4), e diversas referências bíblicas apontam a condição pecaminosa da humanidade:
"Ao ver como a Terra se corrompera, pois toda a humanidade havia corrompido a sua conduta, Deus disse a Noé: 'Darei fim a todos os seres humanos, porque a Terra encheu-se de violência por causa deles. Eu os destruirei com a Terra'." (Gênesis 6:12-13 NVI).
"Hei de punir o mundo por causa da sua maldade e os ímpios por causa da sua iniquidade; hei de pôr fim à arrogância dos soberbos, humilharei a altivez dos tiranos. Farei com que os homens sejam mais raros do que o ouro fino, os mortais, mais raros do que o ouro de Ofir." (Isaías 13:11-12 BJ).
"Na verdade, a Terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a Terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da Terra, e poucos homens restarão." (Isaías 24:5-6 RA).
"Assim diz o Senhor: 'Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor'." (Jeremias 17:5 NVI).
"Conforme está escrito: Não há homem justo, não há um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus." (Romanos 3:10-11 BJ).
A Bíblia não ensina em parte alguma que o ser humano contenha em si mesmo a imortalidade (cf. I João 3:15), ou que exista dentro dele uma "alma"(c) que vive pela eternidade; nenhuma referência bíblica adjetiva as criaturas de Deus como sendo imortais.

Embora o homem não possua o atributo de ser eterno, ele foi criado para estar sempre ao lado de seu Criador, e não para pecar e sucumbir à morte (cf. Ezequiel 33:11Ezequiel 18:23). A vida eterna que estava a disposição de Adão e Eva era condicional, dependia da fidelidade e amor pleno para com o seu Criador; pois somente Ele detém em Si mesmo a imortalidade: "Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível (...) o Único que é imortal e habita em luz inacessível, a Quem ninguém viu nem pode ver." (I Timóteo 1:17 NVII Timóteo 6:16 NVI). Esta imortalidade inerente a Deus será concedida àqueles que conquistarem o Seu perdão e permanecerem fiéis a Ele até o fim:1
"Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade." (Romanos 2:7 NVI).
"Mas agora, libertos do pecado e postos a serviço de Deus, tendes vosso fruto para a santificação e, como desfecho, a vida eterna." (Romanos 6:22 BJ).
"Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado (...)" (I Timóteo 6:12 NVI).
"Ele não só destruiu a morte, mas também fez brilhar a vida e a imortalidade pelo evangelho (...)" (II Timóteo 1:10 BJ).
"Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna." (Judas 1:21 NVI).
E isto ocorrerá no segundo advento de Jesus, nessa ocasião os redimidos terão seus corpos mortais radicalmente mudados para que possam usufruir a vida eterna prometida por Deus (I João 2:25):
"Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno." (Daniel 12:2 RA).
"Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória." (I Coríntios 15:51-54 RA).
"Pois, dada a ordem, com a voz do Arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre." (I Tessalonicenses 4:16-17 NVI).
Portanto, a vida eterna é algo que deve ser conquistada pelo pecador, visto que não é algo próprio a ele. "E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em Seu Filho." (I João 5:11 BJ cf. João 10:28). "Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem Ele quer." (João 5:21 NVI cf. João 6:40). Deste modo, a ilusória crença de que cada indivíduo retém a imortalidade ou que possua a fictícia "alma" imortal alojada no corpo é absurdamente falsa, e está apoiada em mentira satânica.


Vídeos relacionados: Alma Imortal?Cremos que a Alma é Mortal
a. Acesse: No Princípio
c. Acesse: Alma Vivente
1. Salmos 37:27-29; Apocalipse 2:10; Apocalipse 14:12 cf. Mateus 19:16-19, Apocalipse 12:17.

sábado, 22 de março de 2014

Alma Vivente.

"Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente." (Gênesis 2:7 RA).
Alma: conceito bíblico
O ser humano foi formado de dois elementos básicos: "pó da terra" (matéria prima utilizada para estruturar o corpo) e "fôlego de vida" (vitalidade proveniente de Deus que retirou o corpo de seu estado inanimado). Assim, "alma vivente" é o resultado da associação entre "pó da terra" e "fôlego de vida". Outras referências bíblicas reforçam este princípio:
"O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida." (Jó 33:4 RA).
"(...) quando lhes retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó." (Salmos 104:29 NVI).
"Parem de confiar no homem, cuja vida não passa de um sopro em suas narinas. Que valor ele tem?" (Isaías 2:22 NVI).
Biblicamente, "alma" não é algo invisível que habita o interior do homem e retira-se quando ele morre. "Alma" refere-se ao próprio indivíduo. Ao ser criado, o homem passou a "ser alma vivente", ele "foi feito alma vivente" (Gênesis 2:7I Coríntios 15:45), e não a ter uma "alma" vivendo dentro de si. Deus não formou nenhuma entidade sobrenatural destinada a viver no corpo do homem, em parte alguma das Escrituras isso é demonstrado.

Acrescenta-se ainda o fato de que o ser humano não é o único a ser caracterizado como "alma vivente" ("pó da terra" + "fôlego de vida"), outras espécies de seres vivos são classificadas da mesma forma. A expressão "alma vivente" (ou "ser vivente"), originada do hebraico "nephesh chay"(a) (no Velho Testamento) e do grego "psuche zao"(b) (no Novo Testamento), refere-se a cada "criatura ativa", única e indivisível:
"Deus disse: 'Que a terra produza seres vivos [nephesh chay] segundo sua espécie'. (...)" (Gênesis 1:24BJ).
"(...) o homem passou a ser alma vivente [nephesh chay]." (Gênesis 2:7 RA).
"(...) todos os seres vivos [nephesh chay] de todas as espécies que vivem na terra." (Gênesis 9:16 NVI).
"(...) de toda alma vivente [nephesh chay] que se move nas águas, e de toda criatura [nephesh] que povoa a terra." (Levítico 11:46 RA).
"(...) o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente [psuche zao]. (...)" (I Coríntios 15:45 BJ).
"(...) e morreu todo ser vivente [psuche zao] que havia no mar." (Apocalipse 16:3 RA).
Os termos "nephesh" e "psuche" (de onde se traduz a palavra "alma") são utilizados com vários significados na Bíblia, e nenhum deles apresenta a ideia de uma entidade extra corpórea (algo sobre-humano) convivendo temporariamente em algum corpo. Adiante alguns exemplos:

As palavras nephesh e psuche designando "vida":
"(...) 'Vi a Deus face a face, e a minha vida [nephesh] foi salva'." (Gênesis 32:30 RA).
"Agora, vou dar-lhe um conselho para salvar a sua vida [nephesh] e também a vida [nephesh] do seu filho Salomão." (I Reis 1:12 NVI).
"Quem quiser, pois, salvar a sua vida [psuche] perdê-la-á; e quem perder a vida [psuche] por causa de Mim e do evangelho salvá-la-á." (Marcos 8:35 RA).
"(...) Vi também as vidas [psuche] daqueles que foram decapitados por causa do Testemunho de Jesus e da Palavra de Deus (...)" (Apocalipse 20:4 BJ).
As palavras nephesh e psuche indicando "indivíduos", "pessoas":
"São estes os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze pessoas [nephesh]." (Gênesis 46:22 RA).
"Os descendentes [nephesh] de Jacó eram, ao todo, setenta pessoas [nephesh]. (...)" (Êxodo 1:5 BJ).
"Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas [psuche]." (Atos 2:41 NVI).
"(...) Nela apenas algumas pessoas [psuche], a saber, oito, foram salvas por meio da água." (I Pedro 3:20NVI).
As palavras nephesh e psuche referindo-se ao "coração" (sentimento; âmago de algo):
"Mas seu coração [nephesh] inclinou-se por Dina, filha de Jacó (...)" (Gênesis 34:3 BJ).
"Quanto a você, eu o farei reinar sobre tudo o que o seu coração [nephesh] desejar; você será rei de Israel." (I Reis 11:37 NVI).
"(...) fazendo de coração [psuche] a vontade de Deus." (Efésios 6:6 NVI).
"Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração [psuche], como para o Senhor e não para homens." (Colossenses 3:23 RA).
As palavras nephesh e psuche usadas como "pronome pessoal" e "pronome possessivo":
"Eis que serão como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se [nephesh] do poder das chamas. (...)" (Isaías 47:14 RA).
"O Senhor dos Exércitos jurou por Si [nephesh] mesmo (...)" (Jeremias 51:14 NVI).
"E direi a mim [psuche] mesmo: 'Você tem grande quantidade de bens (...)'." (Lucas 12:19 NVI).
"Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso [psuche] favor. (...)" (II Coríntios 12:15 BJ).
A palavra nephesh expressando "apetite", "vontade":
"Mas agora perdemos o apetite [nephesh]; nunca vemos nada, a não ser este maná!" (Números 11:6 NVI).
"(...) por desejares [nephesh] comer carne (...) então, segundo o teu desejo [nephesh], comerás carne." (Deuteronômio 12:20 RA).
"Todo trabalho do homem é para sua boca e, no entanto, seu apetite [nephesh] nunca está satisfeito." (Eclesiastes 6:7 BJ).
A palavra nephesh significando "cadáver":
"Não fareis incisões no corpo por algum morto [nephesh] e não fareis nenhuma tatuagem. Eu sou Iahweh." (Levítico 19:28 BJ).
"Todos os dias da sua consagração para o Senhor, não se aproximará de um cadáver [nephesh]." (Números 6:6 RA).
"Quem tocar num cadáver [nephesh] humano e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor e será eliminado de Israel." (Números 19:13 NVI).
A palavra psuche manifestando "expectativa", "ansiedade":
"(...) Até quando nos deixarás a mente em suspenso [psuche]? Se tu és o Cristo, dize-o francamente." (João 10:24 RA).
A palavra psuche referindo-se a "mente", "raciocínio":
"Mas os judeus que continuaram incrédulos incitaram e indispuseram os ânimos [psuche] dos gentios contra os irmãos." (Atos 14:2 BJ).
"(...) e os perturbaram, transtornando a mente [psuche] de vocês com o que disseram." (Atos 15:24 NVI).
Pela compreensão bíblica exposta nos exemplos acima, nota-se a inexistência de uma "alma" convivendo no homem; nenhuma referência escriturística transmite o ensino de que o ser humano seja composto por um "corpo" e uma "alma" independente e racional. Ao contrário, o relato bíblico da criação, a etimologia e a análise contextual de nephesh e psuche, demonstram que o homem é uma criatura indivisível resultante da associação entre "pó da terra" e "fôlego de vida"; que ele foi feito "alma vivente". Tanto nephesh e psuche, quanto as suas fontes de origem (naphashpsucho), possuem como significado principal o ato de "respirar". Teria a imaginária "alma" da crença pagã esta necessidade?

Alma: conceito pagão
O ensino de que cada ser humano contém uma "alma" autônoma habitando o corpo provisoriamente não é bíblica, mas surgiu com os antigos povos pagãos, e ganhou notoriedade com a filosofia grega, que se baseou nos conceitos egípcios.1

Os egípcios acreditavam que a "alma" era composta por uma força vital chamada "ka"(c) que permanecia próxima ao corpo após a morte, e por uma parte espiritual chamada "ba"(d) de livre locomoção. A antiga civilização chinesa, outro exemplo entre os povos da antiguidade, desenvolveu a ideia de que a "alma" era composta de uma parte inferior que desaparecia com a morte do corpo e outra superior que mantinha-se atuante, sendo esta última a responsável pela racionalidade. Estas concepções pagãs tornaram-se posteriormente a base doutrinária de que, após a morte do ser humano, existiria uma "alma" que era encaminhada para o Céu ou para o Inferno.

O cristianismo apostatado absorveu as ideologias gregas sobre a "alma", sobretudo às de Pitágoras, Platão e Sócrates que defendiam-na como sendo algo incorpóreo (semelhante aos deuses), existindo antes do surgimento do corpo e permanecendo ativa depois de sua morte. Os primeiros filósofos cristãos adotaram este ensino com algumas adaptações, para eles a "alma" era uma entidade criada por Deus e transferida para o corpo no momento do nascimento. Entre esses filósofos tem-se Agostinho, que fortemente influenciado pelos ensinos de Platão, afirmava que a "alma" era a responsável pelas atitudes do corpo.2 Assim, estas ficções humanas substituíram o significado bíblico de "nephesh" e "psuche".


aNephesh, substantivo hebraico que significa: criatura; ser vivo; alma (pessoa; indivíduo). Nephesh, provém do verbo naphash, que significa respirar. Chay, adjetivo hebraico que significa: vivo; ativo.
bPsuche, substantivo grego que significa: respiração (vitalidade, "fôlego de vida"); alma (criatura, ser vivo - equivalente ao hebraico nephesh). Psuche deriva do verbo psucho, que significa: respirar; soprar; esfriar pelo sopro. Em sentido figurado: tornar o coração frio, enfraquecer o amor. Exemplo: "E pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará [psucho]." (Mateus 24:12 BJ). Zao, verbo grego que significa: viver; estar ativo.
cd. Para a mitologia egípcia, o "deus Khnum" originou o "ka", que era ilustrado por dois braços e duas mãos erguidas para o alto, e o "ba", retratado na forma de um pássaro com cabeça humana para expressar a mobilidade da alma após a morte.
1. STOCKER, C. W. (1831). The History of the Persian Wars from Herodotus, vol. II. London: A. J. Valpy, p. 73 (sec. 123); KENRICK, J. (1841). The Egypt of Herodotus: the second and part of the third books of his history, London: B. Fellowes, p. 161-162 (see too footnote, sec. 123); LARCHER, PIERRE-HENRI. (1844). Larcher's Notes on Herodotus: historical and critical comments on the history of Herodotus, vol. I, London: Whittaker & Co., p. 306-308.
2. "Soul". (2010). Encyclopædia Britannica, Chicago: Encyclopædia Britannica; DeVRIES, M. (1998). Augustine's Confessions: Shepherd's Notes, Nashville, TN: B&H Publishing Group, p. 2 (introduction); MANN, W. E. (2006).Augustine's Confessions: Critical Essays, Lanham, Maryland: Rowman & Littlefield Publishing Group, Inc., p. 182, 217.

sábado, 15 de março de 2014

Finda-se o Tempo

"Naquele tempo Se levantará Miguel, o grande príncipe, que Se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro." (Daniel 12:1 KJV).

Quando se encerrar a mensagem do terceiro anjo, a misericórdia não mais pleiteará em favor dos culpados habitantes da Terra. O povo de Deus terá cumprido a sua obra. (...) O mundo foi submetido à prova final, e todos os que se mostraram fiéis aos preceitos divinos receberam "o selo do Deus vivo" (Apocalipse 7:2). Cessa então Jesus de interceder no santuário celestial(a). Levanta as mãos e com grande voz diz: "Está feito." (Apocalipse 16:17); e toda a hoste angélica depõe suas coroas, ao fazer Ele o solene aviso.

"Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda." (Apocalipse 22:11 KJV). Todos os casos foram decididos para vida ou para morte. Cristo fez expiação por Seu povo, e apagou os seus pecados(b)(Isaías 43:25-26Hebreus 9:27-28). (...)

Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor. Removeu-se a restrição que estivera sobre os ímpios, e Satanás tem domínio completo sobre os que finalmente se encontram impenitentes. Terminou a longanimidade de Deus: o mundo rejeitou a Sua misericórdia, desprezou-Lhe o amor, pisando Sua lei. Os ímpios passaram os limites de seu tempo de graça(c); o Espírito de Deus, persistentemente resistido, foi, por fim, retirado. Desabrigados da graça divina, não têm proteção contra o maligno. Satanás mergulhará então os habitantes da Terra em uma grande angústia final. Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda (Apocalipse 7:1-3).

Os que honram a lei de Deus têm sido acusados de acarretar juízos sobre o mundo, e serão considerados como a causa das terríveis convulsões da natureza, da contenda e carnificina entre os homens, coisas que estão enchendo a Terra de pavor. O poder que acompanha a última advertência enraiveceu os ímpios; sua cólera acende-se contra todos os que receberam a mensagem, e Satanás incitará com maior intensidade ainda o espírito de ódio e perseguição. (...)

Agora, enquanto nosso grande Sumo Sacerdote está a fazer expiação por nós, devemos procurar tornar-nos perfeitos em Cristo. (...) É nesta vida que devemos afastar de nós o pecado, pela fé no sangue expiatório de Cristo. Nosso precioso Salvador nos convida a unir-nos a Ele, a ligar nossa fraqueza à Sua força, nossa ignorância à Sua sabedoria, aos Seus méritos nossa indignidade. (...)

O apóstolo João ouviu em visão uma grande voz no Céu, exclamando: "Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." (Apocalipse 12:12 KJV). Terríveis são as cenas que provocam esta exclamação da voz celestial. A ira de Satanás aumenta à medida em que o tempo se abrevia, e sua obra de engano e destruição atingirá o auge no tempo de angústia.

Quando Cristo cessar de interceder no santuário, será derramada a ira que, sem mistura, se ameaçara fazer cair sobre os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal (Apocalipse 14:9-10). (...) Naquele dia, multidões desejarão o abrigo da misericórdia de Deus, abrigo que durante tanto tempo desprezaram. "'Estão chegando os dias', declara o Senhor, o Soberano, 'em que enviarei fome a toda esta terra; não fome de comida nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as palavras do Senhor. Os homens vaguearão de um mar a outro, do Norte ao Oriente, buscando a palavra do Senhor, mas não a encontrarão'." (Amós 8:11-12 NVI).

Graça: fé e obediência

Há dois erros contra os quais os filhos de Deus - particularmente os que há pouco vieram a confiar em Sua graça - devem, especialmente, precaver-se. O primeiro, do qual já tratamos, é o de tomar em consideração as suas próprias obras, confiando em qualquer coisa que possam fazer, a fim de pôr-se em harmonia com Deus. Aquele que procura tornar-se santo por suas próprias obras, guardando a lei, tenta o impossível. Tudo que o homem possa fazer sem Cristo, está poluído de egoísmo e pecado. É unicamente a graça de Cristo, pela fé, que nos pode tornar santos. O erro oposto e não menos perigoso é o de que a crença em Cristo isente o homem da observância da lei de Deus; que, visto como só pela fé é que nos tornamos participantes da graça de Cristo, nossas obras nada têm que ver com nossa redenção. (...)

Não ganhamos a salvação por nossa obediência; pois a salvação é dom gratuito de Deus, e que obtemos pela fé. Mas a obediência é fruto da fé. "Bem sabeis que Ele Se manifestou para tirar os nossos pecados; e nEle não há pecado. Qualquer que permanece nEle não peca: qualquer que peca não O viu nem O conheceu." (I João 3:5-6KJV). Aí é que está a verdadeira prova. Se habitamos em Cristo, se o amor de Deus habita em nós, nossos sentimentos, nossos pensamentos, nossas ações estão em harmonia com a vontade de Deus tal como se expressa nos preceitos de Sua santa lei. "Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como Ele é justo." (I João 3:7 KJV). A justiça está definida no padrão da santa lei de Deus, expressa nos dez preceitos dados no Sinai. (...)

A condição de vida eterna é hoje justamente a mesma que sempre foi - exatamente a mesma que foi no paraíso, antes da queda de nossos primeiros pais - perfeita obediência à lei de Deus, perfeita justiça (Mateus 19:16-19). Se a vida eterna fosse concedida sob qualquer condição inferior a essa, correria perigo a felicidade de todo o universo. Estaria aberto o caminho para que o pecado, com todo o seu cortejo de infortúnios e misérias, se imortalizasse.

Era possível a Adão, antes da queda, formar um caráter justo pela obediência à lei de Deus. Mas deixou de o fazer e, devido ao seu pecado, nossa natureza se acha decaída, e não podemos tornar-nos justos. Visto como somos pecaminosos, profanos, não podemos obedecer perfeitamente a uma lei santa (Romanos 7:14). Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual possamos satisfazer às exigências da lei de Deus. Mas Cristo nos proveu um meio de escape. Viveu na Terra em meio de provas e tentações como as que nos sobrevêm a nós. Viveu uma vida sem pecado. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos tirar os pecados e dar-nos Sua justiça. Se vos entregardes a Ele e O aceitardes como vosso Salvador, sereis então, por pecaminosa que tenha sido vossa vida, considerados justos por Sua causa. O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado. (...)

Nada temos, pois, em nós mesmos, de que nos possamos orgulhar. Não temos nenhum motivo para exaltação própria. Nosso único motivo de esperança está na justiça de Cristo a nós imputada, e naquela atuação do Seu Espírito em nós e através de nós.

Quando falamos em fé, devemos ter presente uma distinção. Existe uma espécie de crença que é inteiramente diversa da fé. A existência e poder de Deus, a veracidade de Sua palavra, são fatos que mesmo Satanás e seus exércitos não podem sinceramente negar. Diz a Bíblia que "também os demônios o crêem e estremecem" (Tiago 2:19); mas isto não é fé. Onde existe não só a crença na Palavra de Deus, mas também uma submissão à Sua vontade; onde o coração Lhe acha rendido e as afeições nEle concentradas, aí existe fé - a fé que opera por amor e purifica a alma. Por esta fé o coração é renovado à imagem de Deus.
"Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus."


Texto extraído de:
WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. IV, cap. 39.
WHITE, E. G. Caminho a Cristo, São Paulo: CPB, cap. 7.
b. Acesse: Jesus, o Advogado

sábado, 8 de março de 2014

Misericórdia Infinita, Paciência Limitada

No templo celestial(a), morada de Deus, acha-se o Seu trono, estabelecido em justiça e juízo. No lugar santíssimo está a Sua lei(b), a grande regra da justiça, pela qual a humanidade toda é julgada (Eclesiastes 12:13-14Tiago 2:12). A arca que guarda as tábuas da lei se encontra coberta pelo propiciatório, diante do qual Cristo, pelo Seu sangue, pleiteia em prol do pecador (Hebreus 8:1-2Hebreus 9:24Apocalipse 11:19). Assim se representa a união da justiça com a misericórdia no plano da redenção humana (Salmos 85:9-10). Somente a sabedoria infinita poderia conceber esta união, e o poder infinito realizá-la; é uma união que enche todo o Céu de admiração e adoração.

Os querubins do santuário terrestre, olhando reverentemente para o propiciatório (Êxodo 25:18-20), representavam o interesse com que a hoste celestial contempla a obra da redenção. Este é o mistério da misericórdia a que os anjos desejam atentar: que Deus pode ser justo, ao mesmo tempo em que justifica(c) o pecador arrependido e renova Sua relação com a raça decaída; que Cristo pode humilhar-Se para erguer inumeráveis multidões do abismo da ruína e vesti-las com as vestes imaculadas de Sua própria justiça, a fim de unirem-se aos anjos que jamais caíram e, habitarem para sempre na presença de Deus.1


Em todos os séculos se concede aos homens seu período de luz e privilégios, um tempo de prova, em que se podem reconciliar com Deus. Há, porém, um limite a essa graça. A misericórdia pode interceder por anos e ser negligenciada e rejeitada; vem, porém, o tempo em que essa misericórdia faz sua derradeira súplica. Mas o coração torna-se tão endurecido que cessa de atender ao Espírito Santo de Deus. Então a suave e atraente voz (Isaías 30:21) não mais suplica ao pecador, e cessam as reprovações e advertências. (...)

A nação judaica era um símbolo do povo de todos os séculos que desdenha os rogos do Infinito Amor. As lágrimas de Cristo, ao chorar sobre Jerusalém, foram derramadas pelos pecados de todos os tempos. Nos juízos proferidos contra Israel, os que rejeitam as reprovações e advertências do santo Espírito de Deus podem ler sua própria condenação.

Há nesta geração muitos que estão trilhando o mesmo caminho dos incrédulos judeus. Testemunharam as manifestações do poder de Deus; o Espírito Santo lhes falou ao coração; porém, apegam-se a sua incredulidade e resistência. Deus lhes envia advertências e repreensões, mas não querem confessar seus erros, e rejeitam-Lhe a mensagem e o mensageiro (cf. Jeremias 6:16Isaías 53:1). Os próprios meios que Ele emprega para sua restauração, tornam-se para eles em pedra de tropeço.2

A paciência que Deus tem exercido para com os ímpios, torna audazes os homens na transgressão; mas o castigo não será menos certo e terrível por causa do tempo adiado. "O Senhor Se levantará como fez no monte Perazim, mostrará Sua ira como no vale de Gibeom, para realizar Sua obra, obra muito estranha, e cumprir Sua tarefa, tarefa misteriosa." (Isaías 28:21 NVI).

Para o nosso misericordioso Deus, o infligir castigo é um ato estranho. "Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. (...)" (Ezequiel 33:11 RA cf. Ezequiel 18:23). O Senhor é "Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o Seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado. (...)" (Êxodo 34:6-7 NVI).

Embora Ele não Se deleite na vingança, executará juízo sobre os transgressores de Sua lei (Isaías 13:9-11Isaías 24:4-6). É obrigado a fazer isto, para preservar os habitantes da Terra da depravação e ruína totais. A fim de salvar alguns, deverá Ele eliminar os que se tornaram endurecidos no pecado. "O Senhor é tardio em irar-Se, mas grande em força, e ao culpado não tem por inocente. (...)" (Naum 1:3 KJV). Reivindicará com terríveis manifestações a dignidade de Sua lei espezinhada. A severidade da retribuição que aguarda o transgressor pode ser julgada pela relutância do Senhor em executar justiça.3

O pecado é a transgressão da lei, e o braço que é agora poderoso para salvar, será forte para punir quando o transgressor ultrapassar as fronteiras que limitam a paciência divina. Aquele que se recuse a buscar a vida, que não esquadrinhe as Escrituras para ver o que é a verdade, a fim de que não seja condenado em suas práticas (Romanos 14:22), será abandonado à cegueira do espírito e aos enganos de Satanás.4 Na mesma medida em que os penitentes e obedientes são protegidos pelo amor de Deus, os impenitentes e desobedientes serão deixados aos resultados de sua ignorância e dureza de coração, porque não recebem o amor da verdade para que se salvem.5
"(...) É-nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo. (...) O Redentor do mundo declara que há maiores pecados do que aqueles pelos quais Sodoma e Gomorra foram destruídas. Aqueles que ouvem o convite do evangelho chamando os pecadores ao arrependimento, e não o atendem, são mais culpados perante Deus do que o foram os moradores do vale de Sidim. E ainda maior pecado é o daqueles que professam conhecer a Deus e guardar os Seus mandamentos, e contudo negam a Cristo em seu caráter e vida diária (cf. I João 2:4)."6
Tempo virá em que em suas fraudes e insolências, os homens atingirão o ponto que o Senhor não permitirá que transponham, e aprenderão que há um limite para a longanimidade de Jeová.7


1. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. III, cap. 23, p. 415.
2. WHITE, E. G. Desejado de Todas as Nações, O; São Paulo: CPB, sec. VII, cap. 64, p. 587.
3. WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas, São Paulo: CPB, sec. VII, cap. 61, p. 628.
4. II Tessalonicenses 2:9-12; II Timóteo 4:3-4 cf. Romanos 1:18-25, Provérbios 1:24-32, Jeremias 5:1-3; Jeremias 6:16.
5. WHITE, E. G. Mensagens Escolhidas, vol. I, São Paulo: CPB, sec. V, cap. 47, p. 313.
6. WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas, sec. II, cap. 14, p. 162, 165.
7. WHITE, E. G. Testemunhos Seletos, vol. III, cap. 53, p. 281.

sábado, 1 de março de 2014

Perdão e Salvação

"(...) Qual é a nossa iniquidade, qual é o nosso pecado, que cometemos contra o Senhor, nosso Deus?" (Jeremias 16:10 RA).
O homem ao pecar transgride a lei de Deus (Êxodo 20:3-17 cf. Tiago 2:8-12), visto que todo pecado caracteriza-se por ser uma violação aos princípios desta lei; e a morte eterna é a consequência final por este ato,1 pois o pecador não possui por si mesmo condições de pagar a dívida de sua transgressão. No entanto, ao reconhecer o seu erro (unicamente pela atuação do Espírito Santo),2 ele possibilita a chance de arrependimento(a) que o conduzirá ao perdão.

O perdão é concedido não porque o transgressor tenha algum direito inerente a isso, mas, porque ele deposita o seu pecado no sacrifício de Jesus ocorrido na cruz do Calvário (Isaías capítulo 53João 1:29). Senão fosse a intervenção de Cristo ao morrer em nosso lugar (por causa de nossas transgressões), não teríamos nenhuma possibilidade de remissão e pereceríamos para sempre, visto que tampouco haveria a chance de ressurreição (I Tessalonicenses 4:13-17 cf. Apocalipse 20:6). É esta inigualável oportunidade concedida por Deus que a Bíblia chama de "graça", e é através dela que o Seu inexplicável amor pela humanidade é demonstrado (João 3:16-17). Por estes motivos, a graça requer fé alicerçada unicamente em Jesus, qualquer outra forma de confiança é inútil e ofensiva para Deus (Romanos 9:30-33João 14:6I João 2:1-2).

Ao conceder o perdão, a graça promove também a tranquilidade de espírito ao eliminar a aflição ocasionada pelo sentimento de culpa. Esta garantia de estar livre tanto da penalidade quanto da angústia pelo pecado cometido, habilita o pecador a se reconciliar com Deus, pois nele prevalece a certeza de que os obstáculos que o separava de seu Criador não mais existem (Isaías 1:18Isaías 43:25-26Miquéias 7:18-19).

Porém, enquanto concede-se o perdão, proibi-se o retorno às práticas pecaminosas; as palavras de Cristo quanto a isso são: "Vai e não peques mais."(b) (João 8:11 RA). E, de acordo com a Bíblia, "pecado é a transgressão da lei" (I João 3:4 cf. Romanos 4:15Romanos 7:7). Desta forma, o perdão recebido não anula a obediência aos preceitos da lei de Deus.3

É inconcebível alguém professar seguir a Cristo e, ao mesmo tempo, desrespeitar os Seus mandamentos.4 Tal atitude aniquila a oportunidade de herdar a vida eterna. Perdão e salvação são coisas distintas. Perdão é a absolvição, é a remissão da penalidade por transgredir a lei de Deus, ou seja, é a aplicação imediata da graça quando ocorre o arrependimento e aceitação do sacrifício de Jesus para quitar a dívida pelo pecado. Por sua vez, a salvação consiste em permanecer em comunhão com Deus através da fé em Cristo e obediência aos Seus mandamentos após receber o perdão (Apocalipse 14:12 cf. I João 2:1-4). Em última análise, salvação é a permanência na graça, é manter atuante ou válido o perdão recebido evitando a pratica do mal.

O pecador pode ser perdoado várias vezes de seus maus atos e nunca obter a salvação caso abandone o que lhe é exigido -  e obediência (Ezequiel 33:12-16 cf. Mateus 7:22-23). Atualmente, o erro que mais predomina entre os cristãos, consiste em imaginar que o perdão (concedido pela graça), ou, a fé (no sacrifício de Cristo) anulam a obediência à lei (cf. Romanos 3:31Romanos 6:15). Satanás é o originador deste desprezível ensino, e muitos, iludidos por seus sofismas descartam os Dez Mandamentos como - um dos - requisitos para alcançar a salvação, e assim trilham em direção a ruína na qual ele esta condenado (Apocalipse 12:17Apocalipse 22:14-15).

O próprio Cristo esclareceu esta questão ao declarar que para obter a vida eterna (salvação) é necessário obedecer aos Dez Mandamentos(c) (Mateus 19:16-22), e que o Espírito Santo (o Auxílio celestial) seria enviado para ensinar e relembrar todas as Suas palavras (João 14:26). Paulo, quanto a isto declara: "O Espírito Santo também nos testifica a este respeito. Primeiro Ele diz: 'Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor. Porei as Minhas leis em seu coração e as escreverei em sua mente'." (Hebreus 10:15-16 NVI).

Deus, através de Sua graça: perdoa, habilita e guia o pecador arrependido rumo a vida eterna; não existe outro meio para atingir este objetivo (Efésios 2:8-9 cf. Atos 15:11). Acolhido pela graça, o pecador é auxiliado a manter a fé em Jesus e a obedecer aos Seus mandamentos. Sem esta ajuda divina não haveria chance alguma de alguém, após receber o perdão, permanecer no caminho da salvação (cf. Romanos 8:3-4). "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Efésios 2:8 RA).

E este ensino é muitíssimo claro, não há possibilidade de alguém ter acesso ao reino eterno de Cristo, ignorando a Sua lei que proíbe: blasfemar o nome de Deus, criar e adorar imagens, desonrar os pais, matar, roubar; enfim, não existe condição alguma de se receber a vida eterna enquanto intencionalmente permanece transgredindo algum mandamento do Decálogo (cf. Tiago 2:10-12Romanos 13:8-10). A graça e a  não são permissões para negligenciar a lei(d), mas frequentemente são citadas por milhares de cristãos como pretexto para "justificar" os pecados cometidos conscientemente contra ela. "Mesmo que você diga: 'Não sabíamos o que estava acontecendo!' Não o perceberia Aquele que pesa os corações? Não o saberia Aquele que preserva a sua vida? Não retribuirá Ele a cada um segundo o seu procedimento?" (Provérbios 24:12 NVI cf. Hebreus 4:12-13).
"Perante o crente é apresentada a maravilhosa possibilidade de ser semelhante a Cristo, obediente a todos os princípios da lei. Mas por si mesmo é o homem absolutamente incapaz de alcançar esta condição. A santidade que a Palavra de Deus declara que ele deve possuir antes que possa ser salvo, é o resultado da operação da divina graça, ao submeter-se à disciplina e restritoras influências do Espírito de verdade. A obediência do homem só pode ser aperfeiçoada pelo incenso da justiça de Cristo, o qual enche com a divina fragrância cada ato de obediência. A parte do cristão é perseverar em vencer cada falta. Constantemente deve orar para que o Salvador sare os distúrbios de sua alma enferma do pecado. Ele não tem sabedoria ou a força para vencer; isso pertence ao Senhor, e Ele os outorga a todos os que em humildade e contrição dEle buscam auxílio."5

Em relação a fé em Cristo, o outro requisito extremamente importante para conquistar a salvação, pois "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus 11:6RA); seria ela suficiente para herdar a vida eterna? "Se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tiago 2:14 RA). Na epístola de Tiagocapítulo 2, tem-se o nítido ensino da interdependência entre a fé em Jesus e as obras decorrentes da obediência à lei. Estas obras são na verdade os resultados do amor em seguir a Deus (João 14:15-21I João 5:1-5II João 1:4-6).

A quebra da relação entre, fé e obras, pode ser exemplificada pela atitude dos demônios(e) que creem em Deus e tremem (Tiago 2:19 cf. Lucas 4:41) mas, se desviaram da conduta de vida estabelecida por Ele. Serão salvos porque acreditam em Deus? De modo algum! Embora eles estejam convictos do poder do Criador e conheçam os propósitos de Sua lei, optaram em obedecer a Satanás (Apocalipse 12:9 cf. Isaías 14:12-14Ezequiel 28:12-19). As obras desses demônios revelam o caráter que desenvolveram e que domina suas vidas. Neste aspecto, a atitude deles não difere do comportamento dos "cristãos" que professam acreditar no poder e autoridade de Deus mas, na prática, recusam-se em seguir as orientações de vida determinadas pelos mandamentos de Sua lei (Isaías 24:4-6 cf. Apocalipse 20:12-13Apocalipse 22:12). Ambas as classes apresentam uma "fé" vazia, contraditória e incapaz de testemunhar a seu favor (Tiago 2:17 cf.Romanos 2:13). Na realidade, a grande maioria mantém apenas a convicção de que Deus existe e, que Jesus foi morto na cruz do Calvário(f). Isso não é a fé exigida pela graça; não é a fé que motiva o pecador a obedecer a Deus sob qualquer circunstância. A verdadeira fé conduz ao arrependimento pelo erro cometido contra a lei de Deus e, ao mesmo tempo, aceita os caminhos estabelecidos por ela, independente das adversidades.

Considerações Finais

Embora a Bíblia apresente as condições para que o pecador obtenha o perdão e, consequentemente alcance a salvação, sempre surgirá alegações contrarias à elas por partes daqueles que não desejam um compromisso verdadeiro com Deus; estarão a sustentar uma "fé" que atenda as suas necessidades particulares e, ardorosamente, se apoiarão em teorias humanas para amenizar suas consciências quando a lei lhes apontar os seus respectivos pecados (cf. Marcos 7:7-9II Timóteo 4:3-4). Quanto a crença que cada um sustenta, Paulo adverte: "A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova" (Romanos 14:22 RA).


a. Sem o arrependimento é impossível obter o perdão e, na ausência deste, não há possibilidade de salvação (II Coríntios 7:10; Salmos 32:1-5).
b. É por meio do Espírito Santo que o pecador reconhece, se arrepende, roga por perdão e evita as más obras; e quando as Suas orientações são ignoradas perde-se os meios pelas quais estas virtudes são alcançadas. O santo Espírito trabalha constantemente para direcionar o pecador numa vida de retidão (de acordo com a vontade de Deus expressa em Sua lei, Hebreus 10:15-16 cf. Isaías 30:21). Entretanto, Ele abandona todo aquele que insistentemente evita Suas instruções, deixando-o a mercê de suas próprias escolhas pecaminosas, e as quais inevitavelmente o conduzirá a morte eterna. Este ato de ignorar o Espírito Santo caracteriza-se como uma blasfêmia contra Ele, e para este crime não há perdão (Mateus 12:32-33; Marcos 3:29).
e. Anjos caídos que serviram e estiveram face-a-face com Deus (Apocalipse 12:7-9; Judas 1:6).
f. Acesse: Finda-se o Tempo (em: Graça: Fé e Obediência).
1. I João 3:4; Romanos 4:15; Romanos 7:7 cf. Romanos 3:19-20; I Coríntios 15:56.
2. João 16:7-11; Atos 7:51; Tito 3:4-7.
3. Romanos 6:15 cf. I João 5:1-4, I João 2:3-4, Provérbios 28:9.
4. Romanos 3:31; I João 5:1-5; João 14:12-15, 21; II João 1:4-6 (cf. Deuteronômio 6:5 e Levítico 19:18); Hebreus 8:10-12; Hebreus 10:16-17.
5. WHITE, E. G. Atos dos Apóstolos, São Paulo: CPB, sec. V, cap. 52, p. 532.